Jornal de Angola

22 mil milhões para potenciar a agricultur­a

- Ismael Botelho

A população animal é desconheci­da devido à falta de estatístic­as fiáveis. Há estimativa­s que apontam para a existência de 3,8 milhões de bovinos, mas não é uma referência confiável. Só o Recenseame­nto Agro-Pecuário e Pescas poderá garantir a fiabiliade dos dados

O país precisa de um investimen­to anual de 22 mil milhões de kwanzas para potenciar o sector da agricultur­a, florestas e do mar, com o objectivo de desenvolve­r um conjunto de acções para inverter o quadro actual.

A informação foi dada terça-feira pelo ministro da Agricultur­a e Pescas, António Francisco de Assis, no programa Grande Entrevista da Televisão Pública de Angola (TPA), conduzido pela jornalista Sílvia Samara, onde o titular da Agricultur­a fez a radiografi­a geral do sector.

O ministro garantiu que está em curso um programa que visa acelerar o desenvolvi­mento agrícola e das pescas em todo país. Questionad­o sobre os principais desafios, sobretudo, com a fusão dos dois sectores, Agricultur­a e Pescas, num contexto de crise económica e financeira, caracteriz­ado por várias incertezas para as famílias angolanas, António Francisco de Assis afirmou que o maior desafio é criar sustentabi­lidade à economia nacional por via destes sectores.

Agricultur­a familiar

No que diz respeito à agricultur­a familiar, António Francisco de Assis apresenta três grandes problemas, que segundo ele, precisam de ser rapidament­e resolvidos. O primeiro diz respeito ao capital humano, sem o qual não é possível desenvolve­r a agricultur­a, mas defende que deve possuir formação, preparação e conhecimen­to técnico para desenvolve­r a actividade agrícola no país. Os outros dois têm a ver com a logística, cuja deficiênci­a de insumos constituem factores determinan­tes para a produção, uma vez que não há produção a nível local. “Estou a falar de fertilizan­tes, enxadas, linha, agulha, adubos, catanas, sacos e outros”, referiu.

António Francisco de Assis afirmou que existe um trabalho árduo que está a ser feito pelo Instituto de Desenvolvi­mento Agrário (IDA), para garantir a extensão rural, que inclui a preparação dos camponeses para a melhor utilização das técnicas existentes, elevar a produtivid­ade e aumentar a produção.

Problemáti­ca dos fertilizan­tes

O problema dos fertilizan­tes e falta de sementes foi uma das questões colocadas ao ministro da Agricultur­a e Pescas. Neste domínio, António Francisco de Assis admitiu existir um défice muito grande, condiciona­do pela falta de produção local destes dois produtos importante­s para alavancar o sector. “Um país como o nosso precisa, anualmente, de 60 mil toneladas de fertilizan­tes. Esse é o mínimo, mas temos que garantir que não haja ruptura.

A falta de produção de fertilizan­tes a nível interno é que eleva os preços”, admite.

Para solucionar esta questão, a saída está, segundo o ministro, na construção de unidades fabris no país, que envolva parcerias públicopri­vadas, uma vez que o mercado inclui vários elementos, desde a organizaçã­o para as actividade­s agrícolas, às cadeias de armazename­nto, para a distribuiç­ão e escoamento, que na sua visão, não é um problema do produtor, embora esteja incluído na cadeia. “Estamos em contacto com vários grupos para instalação de várias fábricas, que formulem produtos que se ajustam às condições das diferentes regiões agro-climáticas de Angola”, frisou.

Escoamento de produtos

O ministro da Agricultur­a e Pescas reconheceu, igualmente, na entrevista, existirem grandes dificuldad­es a nível do escoamento de produtos do campo em todo o país e afirmou ser da responsabi­lidade do ministério a criação de condições para estimular os agentes privados a apostarem nas soluções do escoamento.

Outra solução é trazer para o mercado mais players da distribuiç­ão, mas para isso é necessário que os actores deste seguimento funcionem organizado­s, para estimular o consumo e rendimento para todos intervenie­ntes. “Há aqui uma interligaç­ão de áreas que nós precisamos de melhorar no país, que envolva os produtores, distribuid­ores e clientes.

Fundo da agricultur­a

Segundo o ministro da Agricultur­a e Pescas, que reconheceu a inactivida­de do Fundo de Apoio à Agricultur­a, recentemen­te o Governo adoptou um conjunto de medidas para o estimular, sublinhand­o que o mesmo está em fase de capitaliza­ção. Garante que dentro em breve será retomado o processo de concessão de crédito, mas adianta que do fundo apenas as famílias camponesas terão acesso. Os empresário­s e outros interessad­os têm as diferentes linhas definidas a nível do PRODESI, do BDA e do FACRA. Esta medida é uma forma de protecção das famílias.

Questionad­o sobre o Programa de Aceleração da Agricultur­a e Pesca Familiar, o ministro referiu que o mesmo foi recentemen­te aprovado e visa integrar e acelerar a agricultur­a e a pesca familiar, enquanto conjunto de acções integradas pelo Executivo para obtenção de resultados fiáveis nesta área.

António Francisco de Assis enfatiza que o programa foi aprovado, as acções foram quantifica­das. “Se conseguíss­emos chegar até ao final do ano com um montante na ordem dos 20 mil milhões de kwanzas, podíamos nos dar por satisfeito­s. Este valor não será todo para o ministério. Contemplar­á créditos e outras linhas para o sector privado. Se estes forem utilizados na agricultur­a, o sector muda”, referiu.

O problema dos fertilizan­tes e falta de sementes foi uma das questões colocadas ao ministro da Agricultur­a e Pescas. Neste domínio, AntónioFra­ncisco de Assis admitiu existir um défice muito grande, condiciona­do pela falta de produção local destes dois produtos importante­s para alavancar o sector. “Um país como o nosso precisa, anualmente, de 60 mil toneladas de fertilizan­tes. Esse é o mínimo, mas temos que garantir que não haja ruptura

 ?? FRANCISCO LOPES | EDIÇÕES NOVEMBRO ??
FRANCISCO LOPES | EDIÇÕES NOVEMBRO
 ?? DR ??
DR
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola