Presidente da FNLA sugere anulação do ano académico
Lucas Ngonda considera que não existem, no país, condições para a reabertura das escolas, tanto no ensino geral como no universitário e ao mesmo tempo não concorda com o pagamento das propinas durante o período de confinamento
A FNLA considera que, no actual contexto da pandemia da Covid-19, não existem condições para a reabertura das escolas no país, por isso, sugere o cancelamento do ano lectivo.
Este posicionamento foi manifestado, terça-feira, em Luanda, pelo presidente do partido fundado por Holden Roberto, Lucas Ngonda, durante uma conferência de imprensa que serviu para fazer uma abordagem sobre o actual momento no país e a situação interna naquela força política.
“No domínio da Educação, o ano académico já está comprometido desde Março transacto. É mais prudente cancelar o ano lectivo para se retomar uma nova programação académica, ao invés de remediar o irremediável com graves riscos para o futuro do País”, defendeu Lucas Ngonda.
A previsão é de que as aulas, suspensas em Março, reiniciem no dia 13 deste mês, no ensino superior, e a 27 do mesmo mês, no ensino primário e primeiro ciclo.
Para o presidente da FNLA, não existem, no país, condições para a reabertura das escolas, tanto no ensino geral como no universitário. “As razões que militam sobre o que afirmamos são várias e umas delas é a falta de água generalizada em todo o país e, pior ainda, nos estabelecimentos de ensino, onde a higiene já era gravemente deficiente, mesmo antes da pandemia”, sustentou.
O presidente da FNLA, disse, também não concorda com o pagamento de propinas dos colégios e universidades privadas por serviços não prestados aos estudantes e alunos dessas instituições, durante o período de confinamento obrigatório, porque os colégios e as universidades privadas sem comparticipação do Estado são negócios e só os proprietários podem assumir os lucros, riscos e perdas.
“Da mesma maneira que os lucros não são partilhados com os alunos, estes não podem ser vítimas das perdas ocasionadas por um fenómeno pelo qual não são culpados. O que seria desejável para os professores sem salários é o Estado angolano estabelecer um plano de subsídios de desemprego estrutural, condicionado com o fim da pandemia, uma vez que são cidadãos que pagam impostos”, considerou Lucas Ngonda. Acrescentou que o Estado tem a obrigação de acudir estes professores nas situações difíceis, da mesma maneira que gastou milhões em voos humanitários em busca de angolanos confinados em territórios estrangeiros.
Lucas Ngonda é, igualmente, desfavorável à abertura das igrejas, creches e lugares de muita concentração de pessoas, como cinemas e salas de espectáculos. “As nossas instituições de Saúde e o Estado não devem depositar uma confiança excessiva ao facto de se importar muitas toneladas de equipamentos de biossegurança e minimizar os graves riscos que a subida exponencial de casos que se tem verificado nos últimos dias”, defendeu Ngonda, também deputado.