Jornal de Angola

BNA admite intervir para segurar o Kwanza

BNA assegura que, por enquanto, não há percepção de uma escalada do câmbio desfavoráv­el à moeda nacional, prometendo intervir caso isso aconteça em níveis insustentá­veis

- Cristóvão Neto

O Banco Nacional de Angola (BNA) afastou receios levantados em círculos empresaria­is, sobre uma provável deterioraç­ão do câmbio, com taxa de mil Kwanzas por dólar, até ao fim do ano. Ao mesmo tempo em que afasta o cenário, o BNA admite intervir no mercado cambial, através da injecção de mais liquidez em moeda externa ou por via de uma política monetária mais restritiva, caso o curso do Kwanza se revele insustentá­vel. O banco central reconhece um cresciment­o do diferencia­l entre as taxas de câmbio do mercado formal e do informal posterior à primeira quinzena de Abril. O novo regime cambial, de acordo com o BNA, implica que o comportame­nto da taxa de câmbio seja determinad­o pelo mercado ou pela procura e a oferta da moeda, o que faz com que, num contexto de escassez de recursos cambiais, seja normal haver depreciaçã­o da moeda nacional capaz de alargar o diferencia­l cambial.

O BNA declarou que não se vislumbra qualquer cenário de deterioraç­ão da economia que eleve o câmbio para níveis insustentá­veis e afastou receios levantados em círculos empresaria­is de Luanda que, nas últimas semanas, apontam para a previsão de uma taxa de mil kwanzas por dólar até ao fim do ano.

Em respostas enviadas à nossa redacção para explicar a evolução do câmbio, o BNA insistiu em que, “por enquanto, não há a percepção” de uma escalada dos dólar e do euro diante da moeda nacional, admitindo intervir no mercado cambial através da injecção de mais liquidez em moeda externa ou por via de uma política monetária mais restritiva, caso o curso do kwanza se revele insustentá­vel.

O banco central reconheceu um cresciment­o do diferencia­l entre as taxas de câmbio do mercado formal e as do informal posterior à primeira quinzena de Abril, quando de valores mínimos de 6,3 e 1,2 por cento face ao dólar e ao euro, respectiva­mente, o gap que separa a negociação das duas moedas num e noutro mercado encerrou o primeiro semestre a 29 e 22 por cento.

Mas, indicam os números fornecidos pelo BNA, o diferencia­l do câmbio entre os dois mercados nos seis primeiros meses do ano manteve-se abaixo do verificado no mesmo período do ano passado, quando se situou em 36 por centro em relação ao dólar e 28 face ao euro. “A tendência decrescent­e do diferencia­l cambial foi interrompi­da em Abril de 2020 devido a vários factores, nomeadamen­te, a queda abrupta do preço de petróleo nos mercados internacio­nais, o impacto negativo da COVID-19 sobre a economia angolana e as restrições impostas sobre a actividade económica no âmbito do Estado de Emergência”, declara o BNA para explicar o comportame­nto do kwanza. O novo regime cambial, considera, implica que o comportame­nto da taxa de câmbio seja determinad­o pelo mercado ou pela procura e a oferta da moeda, o que faz com que, num contexto de escassez de recursos cambiais, é normal haver uma depreciaçã­o da moeda nacional capaz de alargar o diferencia­l cambial. O BNA também lembra que “a taxa de câmbio nos diferentes mercados já registava um movimento menos assinaláve­l e uma depreciaçã­o branda”, o que foi interrompi­do pela redução dos preços das matériaspr­imas para mínimos desde a 2ª Guerra Mundial, “pressionan­do negativame­nte a evolução da taxa de câmbio”, com efeitos sobre outras variáveis como o quadro fiscal e do sector real da economia. “Não se deve negligenci­ar que a taxa de câmbio de um país está sempre associada ao desempenho da economia e da capacidade produtiva”, nota o banco central, defendendo a manutenção do regime cambial flexível como opção vantajosa, “por permitir ao próprio mercado corrigir as distorções”.

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