BNA admite intervir para segurar o Kwanza
BNA assegura que, por enquanto, não há percepção de uma escalada do câmbio desfavorável à moeda nacional, prometendo intervir caso isso aconteça em níveis insustentáveis
O Banco Nacional de Angola (BNA) afastou receios levantados em círculos empresariais, sobre uma provável deterioração do câmbio, com taxa de mil Kwanzas por dólar, até ao fim do ano. Ao mesmo tempo em que afasta o cenário, o BNA admite intervir no mercado cambial, através da injecção de mais liquidez em moeda externa ou por via de uma política monetária mais restritiva, caso o curso do Kwanza se revele insustentável. O banco central reconhece um crescimento do diferencial entre as taxas de câmbio do mercado formal e do informal posterior à primeira quinzena de Abril. O novo regime cambial, de acordo com o BNA, implica que o comportamento da taxa de câmbio seja determinado pelo mercado ou pela procura e a oferta da moeda, o que faz com que, num contexto de escassez de recursos cambiais, seja normal haver depreciação da moeda nacional capaz de alargar o diferencial cambial.
O BNA declarou que não se vislumbra qualquer cenário de deterioração da economia que eleve o câmbio para níveis insustentáveis e afastou receios levantados em círculos empresariais de Luanda que, nas últimas semanas, apontam para a previsão de uma taxa de mil kwanzas por dólar até ao fim do ano.
Em respostas enviadas à nossa redacção para explicar a evolução do câmbio, o BNA insistiu em que, “por enquanto, não há a percepção” de uma escalada dos dólar e do euro diante da moeda nacional, admitindo intervir no mercado cambial através da injecção de mais liquidez em moeda externa ou por via de uma política monetária mais restritiva, caso o curso do kwanza se revele insustentável.
O banco central reconheceu um crescimento do diferencial entre as taxas de câmbio do mercado formal e as do informal posterior à primeira quinzena de Abril, quando de valores mínimos de 6,3 e 1,2 por cento face ao dólar e ao euro, respectivamente, o gap que separa a negociação das duas moedas num e noutro mercado encerrou o primeiro semestre a 29 e 22 por cento.
Mas, indicam os números fornecidos pelo BNA, o diferencial do câmbio entre os dois mercados nos seis primeiros meses do ano manteve-se abaixo do verificado no mesmo período do ano passado, quando se situou em 36 por centro em relação ao dólar e 28 face ao euro. “A tendência decrescente do diferencial cambial foi interrompida em Abril de 2020 devido a vários factores, nomeadamente, a queda abrupta do preço de petróleo nos mercados internacionais, o impacto negativo da COVID-19 sobre a economia angolana e as restrições impostas sobre a actividade económica no âmbito do Estado de Emergência”, declara o BNA para explicar o comportamento do kwanza. O novo regime cambial, considera, implica que o comportamento da taxa de câmbio seja determinado pelo mercado ou pela procura e a oferta da moeda, o que faz com que, num contexto de escassez de recursos cambiais, é normal haver uma depreciação da moeda nacional capaz de alargar o diferencial cambial. O BNA também lembra que “a taxa de câmbio nos diferentes mercados já registava um movimento menos assinalável e uma depreciação branda”, o que foi interrompido pela redução dos preços das matériasprimas para mínimos desde a 2ª Guerra Mundial, “pressionando negativamente a evolução da taxa de câmbio”, com efeitos sobre outras variáveis como o quadro fiscal e do sector real da economia. “Não se deve negligenciar que a taxa de câmbio de um país está sempre associada ao desempenho da economia e da capacidade produtiva”, nota o banco central, defendendo a manutenção do regime cambial flexível como opção vantajosa, “por permitir ao próprio mercado corrigir as distorções”.