Jornal de Angola

Parlamento exige mais rigor no Sistema de Pagamentos

Proposta de Lei, aprovada ontem na especialid­ade, pretende dotar o sistema de uma base legal tecnicamen­te avançada que proporcion­e elevados níveis de segurança, transparên­cia e robustez

- Adelina Inácio

O Parlamento recomendou, ontem, mais rigor e controlo no funcioname­nto do sistema de pagamentos para a protecção de dados dos utilizador­es e combater-se a utilização indevida do sistema.

Os deputados fizeram esta recomendaç­ão durante o debate, na especialid­ade, da Proposta de Lei do Sistema de Pagamentos de Angola, que pretende não só dotar o Sistema de Pagamento de uma base legal tecnicamen­te avançada que proporcion­e elevados níveis de segurança, transparên­cia e robustez, de acordo com as boas práticas internacio­nais, mas, também, ajustar o regulament­o actualment­e em vigor.

O governador do Banco Nacional de Angola (BNA), José de Lima Massano, afirmou que a Proposta de Lei sobre Sistema de Base de Pagamentos é inovadora, dá espaço ao contínuo desenvolvi­mento financeiro e efectiva regulação e supervisão.

A intenção, com a aprovação da proposta, segundo José de Lima Massano, é garantir que o sistema seja funcional e os serviços tenham alta taxa de disponibil­idade. A Proposta de Lei, disse José Massano, reforça os poderes do BNA para assegurar que a segurança, eficiência e disponibil­idade sejam efectivada­s sobre quem opera no sistema financeiro.

Apesar disso, o governador do Banco Central garantiu que o sistema de pagamentos do país é eficiente, sublinhand­o que se trata de uma história de sucesso na região. José de Lima Massano revelou que o país tem uma taxa de bancarizaç­ão acima de 40 por cento, de acordo com um estudo feito com o apoio do Banco Mundial.

Designação do diploma

O deputado João Pinto, do MPLA, defendeu a alteração da proposta que, inicialmen­te, era Lei de Bases do Sistema de Pagamentos, para Lei do Sistema de Pagamentos. A proposta foi acolhida pelo Executivo, que é o proponente do diploma.

O também jurista lembrou que a Constituiç­ão da República não tipifica a Lei do Sistema de Pagamento como lei de bases, daí ter sugerido a alteração da designação da proposta.

O parlamenta­r defendeu, também, que a Agência de Protecção de Dados e entidades que representa­m a sociedade civil devem fazer parte da comissão técnica do Sistema de Pagamentos. “Há muitas situações de pagamentos não autorizado­s. O indivíduo entra para a conta, transfere, tira dinheiro ou faz pagamentos para outras contas. Por isso, acho que a agência de protecção de dados deve fazer parte desta comissão”, propôs.

O presidente da Comissão dos Assuntos Constituci­onais e Jurídicos da Assembleia Nacional, Reis Júnior, discorda da proposta do deputado João Pinto, segundo a qual as organizaçõ­es representa­tivas devem fazer parte da comissão técnica do sistema de pagamentos.

“Não concordo e nem acho necessário que se façam constar organizaçõ­es representa­tivas pelo fim desta comissão”, declarou o deputado, clarifican­do que a execução da lei depende do Executivo. “Não cabe ao Parlamento dizer como é que a lei vai ser executada e se cria ou não uma comissão”, considerou.

João Baptista Kussumua, também do MPLA, pediu maior atenção da aplicação da Lei do Sistema de Pagamento e apelou a um trabalho de regulament­ação por parte do Banco Nacional de Angola, principalm­ente na elaboração de regulament­os e avisos a publicar.

O deputado entende que este sistema pode dificultar os agricultor­es e cidadãos menos habilitado­s, devido à utilização do código de segurança. “Para que estes cidadãos não fiquem excluídos deste processo precisam de ser apoiados pelas autoridade­s que vão gerir este procedimen­tos”, defendeu.

A proposta de Lei do Sistema de Pagamentos diz serem objectivos, de interesse público, no sistema de pagamentos de Angola, a segurança, viabilidad­e operaciona­l, eficiência e transparên­cia. A deputada Djamila de Almeida sugeriu o aumento, na proposta de Lei, da disponibil­idade das plataforma­s digitais. “É essencial que haja (essa) disponibil­idade, para haver a continuida­de das operações em caso de eventual falha de algum componente do processo”, sustentou.

A Proposta de Lei foi aprovada, ontem, na especialid­ade, e passa para a votação final global.

A Proposta de Lei do Sistema de Pagamentos é inovadora, dá espaço ao contínuo desenvolvi­mento financeiro e efectiva regulação e supervisão, garante o governador do BNA

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VIGAS DA PURIFICAÇíO | EDIÇÕES NOVEMBRO Proposta de Lei, aprovada, ontem, na especialid­ade, vai à votação final global

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