O coronavírus “virou doença de pobres”
África
é uma incógnita. A OMS e várias ONG temem que a falta de infra-estruturas para testes em massa esteja a camuflar a verdadeira propagação do vírus no continente africano. África do Sul, Egipto, Nigéria, Ghana e Argélia são os países que mais casos registam.
Já a Índia registou na semana passada o maior número de novos casos num um único dia - 15 mil - e já é o quarto país do mundo com mais casos positivos. Mas como há relativamente poucos testes em alguns dos estados mais densamente povoados, a verdadeira escala da crise é uma incógnita.
Estará o vírus a atacar mais as comunidades carentes e densamente povoadas? De acordo com David Nabarro, especialista da OMS, o novo coronavírus tornou-se “uma doença de pessoas pobres. Quando famílias inteiras estão amontoadas em casas do tamanho de um quarto, o distanciamento social é impossível e, sem água corrente, lavar as mãos regularmente não é fácil. Onde as pessoas têm que ganhar a vida diariamente para sobreviver, as interacções nas ruas e nos mercados são inevitáveis”, explicou, lembrando que, para grupos indígenas na floresta amazónica e em outras áreas remotas, os cuidados com a saúde podem ser limitados ou até inexistentes.
As economias fracas estão assim a manifestar-se como um bloqueio para conter o vírus, mas não são o único acelerador de contágio. As políticas de saúde usadas no combate à pandemia, assim com a orientação política de quem está no poder, tem influenciado o gráfico da Covid-19. Na Tanzânia, por exemplo, o Presidente declarou que o país derrotou o vírus e decretou o fim da publicação dos dados oficiais, embora os sinais sejam de que a Covid-19 ainda é uma ameaça.