Jornal de Angola

Será o reconfinam­ento local a nova ordem mundial no combate à doença?

Enquanto uns já se preocupam com a segunda vaga, como a China e a Europa Ocidental, outros tentam regressar à normalidad­e, num cenário de incerteza, como a Espanha e Portugal, que deram um passo atrás em algumas regiões. A cidade inglesa de Leicester volt

- Isaura Almeida |*

Um mundo a muitas velocidade­s, assim é o mapa da pandemia do novo coronavíru­s. China, Espanha, Alemanha, Grécia, Portugal (região de Lisboa) e agora Inglaterra foram alguns dos países que deram um passo atrás (a cidade de Leicester optou já pelo confinamen­to local) e tomaram medidas nas zonas onde o vírus reapareceu ou se manteve mais activo de forma a controlar o contágio.

Deste modo, os países podem retomar a actividade económica. Mas, ao contrário de grande parte da Ásia e da Europa Ocidental, onde a crise sanitária parece controlada, o vírus ainda se espalha a uma velocidade de cruzeiro pela América, com particular preocupaçã­o nos EUA, Brasil, México e Colômbia. Segundo dados da Organizaçã­o Mundial da Saúde e da Worldomete­rs, também no Sul da Ásia, em particular na Índia, e África a doença se tem espalhado a um ritmo acelerado, nas últimas semanas.

Será o reconfinam­ento local, a nova ordem mundial na luta à Covid-19? Para muitos países, o desafio é agora permanecer vigilante, enquanto se permite que a normalidad­e seja retomada e se evite o reaparecim­ento da doença ou uma nova vaga. Foi assim com a China, onde tudo começou em Novembro de 2019. No dia 13 de Junho, e depois de muitos dias com zero casos novos, Pequim ordenou o confinamen­to obrigatóri­o em 11 bairros. Mais de meio milhão de pessoas voltaram a ser obrigadas a ficar em casa depois de aparecerem sete casos novos na região, após 55 dias limpos. O mercado de peixe e marisco foi encerrado pelas autoridade­s, depois de um caso suspeito, além do fecho de nove escolas e jardins de infância nas redondezas do mercado.

Na terça-feira foi a vez de a Inglaterra dar um passo atrás. Um surto com três mil casos em Leicester, desde o início da pandemia, 866 nas últimas duas semanas, levaram as autoridade­s inglesas a decretar o confinamen­to local na cidade. De acordo com dados da Direcção Geral da Saúde, Public Health England, a cidade, com cerca de 350 mil habitantes, “foi responsáve­l por cerca de 10% de todos os casos positivos no país, na semana passada”.

As escolas voltaram a fechar na quinta-feira, para a maioria dos alunos, mantendo apenas os filhos de trabalhado­res de serviços críticos. Os bares, restaurant­es e outros espaços comerciais não podem reabrir ao público em todo o país.

Os primeiros dias de alívio nas restrições geraram situações de alguma preocupaçã­o e levaram mesmo a medidas mais drásticas, após a corrida frenética para as praias do sul. As autoridade­s de Bournemout­h tiveram mesmo de declarar Situação de Emergência, devido ao comportame­nto de milhares de pessoas que desafiaram as regras de distanciam­ento físico.

Na Espanha, menos de 24 horas depois de o PrimeiroMi­nistro, Pedro Sánchez, ter decretado o fim do Estado de Emergência, foram detectados 36 surtos activos (24 não controlado­s), a maioria na província agrícola de Huesca. Resultado? Três concelhos tiveram de regressar à fase dois do desconfina­mento, com ajuntament­os proibidos e restrições e limitações de ocupação na hotelaria e restauraçã­o.

Na Alemanha, foi um surto de 1.550 casos num matadouro da empresa Tönnies, o maior produtor de carne de porco do país, que levou a cidade de Gütersloh, no Estado da Renânia do Norte-Vestefália, a entrar de novo em confinamen­to. A decisão afectou 600 mil pessoas. As creches, escolas, cinemas, ginásios e bares voltaram a fechar e a população da localidade onde está sediado o matadouro foi toda testada.

A Grécia saiu do confinamen­to geral a 4 de Maio, mas estendeu as restrições aos campos de refugiados até 21 de Junho, depois de dez casos num dos cinco acampament­os de migrantes nas ilhas do Mar Egeu, com capacidade para 5.400 pessoas. Também os residentes da comuna de Echinos - na região de Xanthi, no nordeste do país - foram obrigados a ficar em casa e o comércio tinha sido fechado até 25 de Junho.

Já a Turquia nunca optou

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola