Jornal de Angola

PAIGC ameaça impugnar programa do Governo

Partido liderado por Domingos Simões Pereira fala em “violações grotescas” no funcioname­nto do Parlamento

-

O líder da bancada parlamenta­r do Partido Africano da Independên­cia da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Califa Seidi, disse, ontem, que aquela força política vai entrar com uma impugnação judicial à aprovação do programa de Governo do PrimeiroMi­nistro, Nuno Nabian.

Numa declaração política, na plenária do Parlamento, na qual estiveram os deputados do PAIGC, Califa Seidi apresentou um conjunto de “violações grotescas” ao regime de funcioname­nto daquele órgão legislativ­o para justificar a petição judicial.

O líder da bancada parlamenta­r do PAIGC apontou, nomeadamen­te, a ausência de duas secretária­s na sessão, quando, realçou, o regimento determina que naquela situação a mesa não pode funcionar.

A actual mesa da Assembleia Nacional Popular, o Parlamento guineense, é composta por duas secretária­s, ambas eleitas nas listas de deputados do PAIGC, e, como o partido boicotou a sessão plenária de segunda-feira, não estiveram no acto que culminou com a aprovação do programa de Governo.

Para o PAIGC, o acto é “nulo e inexistent­e” e, “consequent­emente, o Governo de Nuno

Nabian fica, assim, sem nenhuma legitimida­de”.

“O PAIGC continua a não reconhecer o actual Governo porque resulta da subversão da ordem constituci­onal”, disse Califa Seidi, reafirmand­o que o partido retomou o seu lugar no Parlamento para “enfrentar com firmeza actos que colocam em causa o Estado de direito democrátic­o”.

Seidi afirmou que “alguns deputados” estão, alegadamen­te, sob “fortes pressões psicológic­as e coações” por parte das novas autoridade­s e que, na noite que antecedeu e no próprio dia de aprovação do programa do Governo, “todo o perímetro do Parlamento estava sob forte vigilância das forças de segurança”.

“Tudo isso para quê?”, questionou Seidi, ressalvand­o que, “de certeza, não era para proteger os parlamenta­res, sendo que muitos ainda continuam inibidos de exercer livremente a actividade”.

O líder da bancada parlamenta­r do PAIGC lamentou que a comunidade internacio­nal se mantenha passiva e impotente “perante o estado de terror” na Guiné-Bissau.

Votação no Parlamento

O programa de Governo de Nuno Nabian foi aprovado, na segunda-feira, à noite, com os votos de 55 deputados, cinco dos quais do PAIGC, que participar­am na abertura da sessão parlamenta­r, contrarian­do as ordens dadas pela comissão permanente do partido.

Os deputados já tinham votado a favor da introdução na ordem do dia do Parlamento da apresentaç­ão, discussão e aprovação do programa de Governo, depois do início da sessão plenária, que decorre até 7 de Agosto.

A comissão permanente do PAIGC tinha dado indicações para os 47 deputados do partido, eleitos nas legislativ­as de Março de 2019, não participar­em na sessão plenária que, entre vários assuntos, pretendia definir quem tem a maioria no Parlamento.

“Maioria dos deputados da Assembleia Nacional Popular aprova II Governo da X legislatur­a. Agora o engajament­o é com trabalho, reconcilia­ção e desenvolvi­mento”, disse o Primeiro-Ministro, numa curta mensagem publicada na rede social Facebook.

A Guiné-Bissau vive um período de especial tensão política com o Parlamento dividido em dois blocos, ambos a reivindica­rem a maioria e a defenderem o direito de formar Governo.

 ?? DR ?? Bancadas do PAIGC e do Madem-G15 disputam maioria na Assembleia Nacional Popular
DR Bancadas do PAIGC e do Madem-G15 disputam maioria na Assembleia Nacional Popular

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola