Jornal de Angola

Frutas apodrecem em Caicema por falta de escoamento

- Domingos Mucuta | Gungue

Laranjeira­s carregadas. Muitas frutas caídas e espalhadas no chão. Falta de transporte. O desespero toma conta do agricultor António Wanandumbo, da localidade de Caicema, comuna do Gungue, município de Caconda, na Huíla, porque está sem solução para escoar a produção.

A medida que o tempo passa a aflição do agricultor aumenta porque as laranjas maduras começam a soltarse dos galhos e a apodrecer no chão, devido a falta de escoamento e de compradore­s.

A quinta, localizada nas margens do rio Mbunje, tem cerca de 12 hectares e existe há mais de 20 anos. O camponês António Wanandumbo teme que as mais de dez toneladas de frutas diversas estraguem novamente este ano e perca o investimen­to realizado ao longo dos anos na plantação de 1.803 pés de laranjeira­s da espécie bico.

António Wanandumbo explica à reportagem do Jornal de Angola que ao longo destas duas décadas as laranjeira­s têm sido generosas porque carregam frutas em grandes quantidade­s para gerar rendimento­s suficiente­s para tirar as famílias da pobreza. Mas por escassez de vendas a família continua a passar por dificuldad­es.

O agricultor sublinha que a falta de transporte para o escoamento da produção é “a principal dor de cabeça” porque o investimen­to com fundos próprios realizado para dinamizar a agricultur­a familiar, provoca prejuízos por falta de comerciali­zação da colheita.

A pequena quinta tem também plantações de limoeiros, tangerinei­ras, ananás, hortícolas diversas, milho, feijão, e outras culturas, mas a produção de laranja é o cartão de visita da propriedad­e da família Wanandumbo, composta por 10 membros.

“Tenho muita fruta mas transporte não tenho. Estamos a tentar transporta­r com a motorizada de três rodas conhecidas por Kaleluia. É quase impossível escoar esta produção. Nao tenho apoios”, refere, o líder familiar.

O produtor quer escoar a produção para os grandes mercados onde a procura de fruta é maior, como as cidades do Lubango ou a vizinha província do Huambo, situada a cerca de 170 quilométro­s da sede municipal de Caconda.

“O município da Caconda já não consegue consumir a nossa produção, porque há pouca procura o que torna os preços de venda menos atractivos. Tinha que ser no Lubango ou Huambo. Todos os anos temos aproximada­mente esta quantidade a apodrecer. Se tivéssemos transporte esta fruta não poderia apodrecer aqui”, lamenta.

O agricultor pede facilidade de acesso ao crédito para adquirir uma viatura no sentido de escoar a produção e comprar moto-bombas para reforçar o sistema de rega. Afirmou que o reforço financeiro para comprar o sistema de regadio vai permitir alargar a extensão cultivada e aumentar a produção de diversas culturas.

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