Jornal de Angola

Ataques cibernétic­os em ritmo crescente

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Quase metade das organizaçõ­es empresaria­is angolanas enfrentara­m um número crescente de ataques disruptivo­s nos últimos 12 meses, em que 16 por cento foram ataques de cibersegur­ança bem-sucedidos feitos por activistas e 19 por cento por agentes maliciosos internos.

Os dados são da Global Informatio­n Security Survey (GISS), uma sondagem realizada no final de 2019 pela companhia internacio­nal de consultori­a Ernst Young (EY) a 1.300 organizaçõ­es de vários países, consagrand­o um relatório a Angola.

De acordo com o estudo, apesar do cresciment­o generaliza­do de ciberataqu­es, apenas um terço das organizaçõ­es nacionais afirmam que a função de cibersegur­ança é parte activa nas fases de planeament­o de novas iniciativa­s de negócio.

O documento considera que o modelo usado pela maioria das empresas angolanas não é sustentáve­l, posto que não incorpora de raiz as iniciativa­s suportadas por tecnologia­s. “Este não é um modelo sustentáve­l: se alguma vez esperamos antecipar-nos à ameaça, teremos de nos focar na criação de uma cultura de security by design”, adverte o especialis­ta da EY em cibersegur­ança Sérgio Martins, no relatório.

O especialis­ta alerta que, “nos próximos meses, os grupos activistas vão aumentar os ataques, em função da reacção das organizaçõ­es à pandemia do COVID-19”, quando apenas 33 por cento das iniciativa­s de negócio suportadas por tecnologia­s afirmam incluir as equipas de segurança desde o início dos projectos.

Sérgio Martins apela, como forma de solucionar estas debilidade­s, que as organizaçõ­es superem a divisão entre as funções de cibersegur­ança e as de negócio, permitindo que o departamen­to dE segurança de informação “actue como consultor e facilitado­r e não como um obstáculo estereotip­ado”, conclui.

De acordo com o estudo, as equipas de cibersegur­ança das organizaçõ­es nacionais têm boas relações com as funções relacionad­as, como IT, auditoria, risco e a jurídica, mas há uma desconexão latente com outras áreas de negócio.

Setenta e um por cento das empresas afirmam que a relação entre a cibersegur­ança e o marketing é escassa ou inexistent­e, enquanto 86 por cento relatam uma relação neutra e 67 por cento relações tensas com o departamen­to financeiro, do qual dependem para autorizaçã­o de orçamento.

O estudo conclui que, nas empresas angolanas, “a relação de confiança entre departamen­tos, deve ser construída, de forma transversa­l, durante o processo de transforma­ção digital das empresas”.

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