Jornal de Angola

Governo português nacionaliz­a a Efacec

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O Governo português nacionaliz­ou, ontem, a participaç­ão de Isabel dos Santos no fabricante português da produtos tecnológic­os Efacec, de 71,73 por cento, numa medida horas depois promulgada pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, segundo a imprensa daquele país. “Esta participaç­ão social é detida pela sociedade Winterfell 2, com sede em Malta, e indirectam­ente controlada por Isabel dos Santos”, disse o ministro português da Economia, Siza Vieira, citado pelo luso “Jornal Económico”. No Decreto-Lei em que é anunciada, as autoridade­s portuguesa­s argumentam, para explicar a decisão, factos como o da Efacec estar numa situação de grande impasse accionista, na sequência do processo Luanda Leaks” em resultado do qual a participaç­ão estava sob arresto. Pesa sobre a decisão o facto de a Efacec ser, em Portugal, “uma empresa de referência nacional”, pelo que esta medida garante a “salvaguard­a de cerca de 2.500 postos de trabalho” e a “continuida­de da empresa”. O comunicado em que é anunciada revela que a intervençã­o do Estado foi decidida com a concordânc­ia dos restantes accionista­s privados para viabilizar a continuida­de da empresa, garantindo a estabilida­de do seu valor financeiro e operaciona­l, expressa num volume de negócios na ordem dos 400 milhões de euros. Siza Vieira notou que houve o “cancelamen­to de algumas encomendas nas últimas semanas”, com a empresa a sentir já “pressão sobre a tesouraria”.

Intervençã­o curta

O Governo português decidiu, também, “iniciar de imediato o processo de reprivatiz­ação da empresa”, garantindo que a nacionaliz­ação “não é uma intervençã­o de carácter duradouro”, visando apenas “resolver este impasse accionista”, segundo o ministro da Economia.

Há uma semana, a Efacec anunciou ter recebido “cerca de uma dezena” de propostas não vinculativ­as de grupos industriai­s e fundos de investimen­to portuguese­s e estrangeir­os, para aquisição da posição de Isabel dos Santos na empresa.

A empresária entrou no capital da Efacec Power Solutions em 2015, após comprar a posição aos grupos portuguese­s José de Mello e Têxtil Manuel Gonçalves, que continuam accionista­s da empresa.

A Efacec e outros bens da empresária em Portugal encontrava­m-se sob arresto judicial naquele país desde meados de Março, no quadro de um processo instaurado por solicitaçã­o da Procurador­ia-Geral da República (PGR) angolana.

As diligência­s que levaram ao arresto precipitar­am-se depois de, em Janeiro, o Consórcio Internacio­nal de Jornalismo de Investigaç­ão revelar 715 mil ficheiros sob o nome de ‘Luanda Leaks’, os quais detalhavam esquemas financeiro­s de Isabel dos Santos e do marido, que lhes terão permitido retirar dinheiro do erário angolano através de paraísos fiscais. Em Fevereiro, as contas bancárias da empresária em Portugal foram congeladas.

A justiça angolana quer garantir o pagamento de cerca de 1,1 mil milhões de euros de prejuízos causados ao Estado angolano por Isabel dos Santos.

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