Gráficas do Estado com produção entre 25 a 50 por cento
As gráficas do Estado estão a produzir muito abaixo da sua capacidade, que varia entre 25 a 50%, desde as medidas de restrições decretadas, devido à pandemia de Covid-19.
Ultimamente, o mercado tornou-se cada vez mais inflacionário, por causa dos preços das matérias-primas essenciais para a impressão de diversos materiais de leitura.
Grande parte dos produtores gráficos reclama certa escassez de papel e avaria dos equipamentos, tendo em conta o prolongar do período da maquinaria.
A Imprensa Nacional, a maior gráfica Estatal, tem registado baixa na procura, em comparação com a fase antes da Covid-19. Face a instauração do Estado de Emergência e consequência da pandemia Covid-19, a partir do dia 27 de Março do ano em curso, verificou-se uma redução brutal em Abril na ordem de mais de 90% face ao mês anterior, mês em que todas as lojas, com excepção da Loja Sede (que trabalhou a 50%) estiveram encerradas. Nos seus postos de venda, o mês de Janeiro com 59.432.269 teve o maior pico nas vendas do que nos meses subsequentes, a seguir vem Fevereiro com 46.256.020.
De Março a Abril, registou uma quebra abruta de 41.657,983 para 7.012.084, respectivamente. Já no mês de Maio, a Imprensa Nacional produziu 36.581.790 artigos diversos nos 14 postos de vendas incluindo a Sede.
Em relação à venda a retalho e à grossista, registou-se no mês de Fevereiro, um aumento nas vendas com 337.287.915 dos bens produzidos pela Imprensa Nacional. Janeiro vem a seguir com 31.993.107, Março (207.563.960) e 95.886.798 em Maio último.
Em Abril assinalou uma descida em termos de venda com 18.010.721.
O administrador para Área Técnica e Tecnológica da Imprensa Nacional, Leonel Magalhães, disse que já se chegou a um tempo em que terciarizavam serviços por causa da capacidade de resposta a solicitações do mercado.
A imprensa possui uma unidade no município do Cazenga (Luanda), com capacidade de 6 milhões de livros /ano e faz folhas A 4 e 120 mil folhas por hora.
A gráfica não faz tudo. “Há sempre alguma especificidade que precisamos de terciarizar”, admitiu.
“Temos tido alguma infelicidade por causa da situação actual. Tudo que é usado como consumível é importado”, sentenciou, para acrescentar que a matéria-prima é importada e existem problemas de divisas, o que tem influenciado negativamente no pagamento a fornecedores.
Nesse momento, a Imprensa Nacional acumulou dívidas na ordem de mais mil milhões de kwanzas, igual valor de recebimento.
Uma boa parte das dívidas é antigas e estão ser a pagas ou a negociar com as entidades creditícias com que a empresa se relaciona.
A Imprensa Nacional tem uma gráfica de segurança com qualidade, adoptando padrões mundiais que as gráficas obrigam. Além do Diário da República, produz 95% dos certificados e diplomas das Universidades em Angola, blocos de multas usados pela Polícia Nacional, documentos diversos como taxas de circulação da Administração Geral Tributária (AGT), livros de registos de assentos de nascimento, de óbitos, de ponto, selos de segurança, entre outros.
Além de empresas, pessoas colectivas ou individuais também procuram os serviços na Gráfica da Imprensa Nacional.
Neste momento, tem propostas de várias instituições como da Direcção Nacional de Aviação e Trânsito (DNVT), para a produzir cartas de condução em Angola e do Ministério da Justiça para feitura de Títulos de Propriedade.
Leonel Magalhães garante que a Imprensa Nacional tem capacidade para participar na produção do passaporte, inclusive, para fazer a moeda nacional (Kwanza).
O administrador da Imprensa Nacional salientou que, uma vez que os trabalhos sejam feitos localmente, ajudaria a poupar mais divisas e aumentar no número de emprego a nacionais, além de as empresas nacionais pagarem mais impostos, permitindo ao Estado a arrecadação de mais receitas.
“Se se investir mais no país, quem sai a ganhar também é a nossa economia”, atira.
A Imprensa Nacional anunciou também que estão a conceber a produção de selos de segurança para bebidas e tabacos, que já está em Decreto Presidencial.
“É um grande projecto, em que toda bebida alcoólica e tabaco vai passar a ter esse selo de certificação feito na nova gráfica”.
A imprensa Nacional, que tem 280 trabalhadores entre técnicos, administrativa, a tendência é de aumentar nas áreas produtivas, como na máquina de segurança.
Mesmo sem a avaliação de quanto foi o prejuízo na vigência do estado de emergência, alguns trabalhos da Imprensa Nacional tiveram que ser terciarizados, uma vez que os técnicos não podiam vir ao serviço.
Os stocks foram afectados e as encomendas feitas ainda não chegaram e há dificuldades de recebe-lás.
Leonel Magalhães afirmou que o país não produz peças, máquinas, insumos necessários e papel. Tudo é importado para alimentar a indústria gráfica.
A par da Gráfica Popular e da Edições Novembro, a Imprensa Nacional possui máquinas em estado de reposição de peças sobressalentes a todo momento.
“Os fornecedores na Europa começam lentamente a abrirem-se agora e temos peças, manutenções já pagas desde o ano passado, que seriam feitas agora pela marca. Infelizmente, com a situação que o mundo foi atingido tudo parou”, disse Leonel Magalhães.
Nem tudo que a Covid-19 trouxe é negativo. A parte positiva foi a reinventar a implementação da tecnologia nos processos tendo acelerado, na medida em que a tendência da indústria gráfica é a desmaterialização do papel. Este processo tem ajudado na modernização das gráficas.
O mercado gráfico gera no mundo um circuito em termos montários de 800 mil milhões de dólares por ano, estando o seu crescimento à volta de 1, 8 por cento/ano.
Os investimentos no que toca à área gráfica e zona de segurança rondaram os 7 milhões de dólares.
E para o papel confessional, existe vários fornecedores na Europa, África e na China, tendo sido feito uma pesquisa e avaliou-se o melhor preço.