Aliados da pandemia
O novo coronavírus, sem surpresas para quem, desde que ele surgiu na Ásia, tem acompanhado, com o mínimo de atenção, a acção que o caracteriza, com aparentes recuos e avanços, continua, também, em Angola, a semear medo e dor. Mesmo assim, se atendermos apenas à frieza dos números, os casos de contágio e óbitos são bastante reduzidos comparativamente a outros países, inclusive em África, embora, é bom recordar, os de recuperação sejam, igualmente, baixos. A província de Luanda é, por causas óbvias, a mais afectada, mas em simultâneo, onde mais facilmente se fazem testes, embora nunca tantos quantos os necessários, pelo que não é exagerado afirmar que os dados oficialmente conhecidos fiquem aquém da realidade. E é para essa quase certeza que devemos todos olhar. Para estarmos preparados para o pior e tentarmos adiar esse momento, ao invés de fazermos exactamente o contrário, com actos de irresponsabilidade e egoísmo perigosos para quem os comete e para os outros. Quem promove e participa, por exemplo, em situações de ajuntamentos, sejam elas de que carácter forem, é, no fundo, um aliado do novo coronavírus. Nestes casos não é aos responsáveis da Saúde que se exigem medidas, mas aos da Polícia. São eles que têm de tirar da via pública os que desonram a corporação e, no mínimo, pela inércia, colaboram com os infractores na propagação da pandemia.