Jornal de Angola

Moeda angolana cai quase 17 por cento face ao dólar

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O kwanza depreciou-se 16,9 por cento em relação ao dólar e 17,2 face ao euro no primeiro semestre, assim como 39,8 e 40,3 por cento, respectiva­mente, em termos homólogos (a 12 meses), de acordo com dados do Banco Nacional de Angola (BNA) referentes a 29 de Junho.

A evolução reflecte a resposta do kwanza às pressões do mercado, onde a procura por moeda estrangeir­a é confrontad­a por uma oferta de cambiais insuficien­te, declarou o BNA ao Jornal

de Angola, lembrando a redução da entrada divisas.

O banco central aponta a queda da quantidade de divisas trazidas pelos bancos comerciais e da entrada de turistas de negócio, incluindo os recursos provenient­es das fronteiras terrestres, além da queda abrupta dos preços do petróleo, o impacto da Covid-19 sobre a economia e as restrições impostas pelo Estado de Emergência.

“Não se trata de qualquer sinal de desequilíb­rio no mercado formal, mas de uma alteração impactante dos termos de funcioname­nto do mercado informal, visto que, no mercado formal, a taxa de câmbio tem-se mantido estável”, reagindo “sem incidentes” à combinação da baixa da produção e dos preços do petróleo, considera o BNA.

“As reservas internacio­nais funcionara­m e permitiram atender a procura sem influencia­r a taxa de câmbio em demasia”, indica o banco central, notando que, na região da SADC, o kwanza foi das moedas que mais preservou valor em relação ao dólar.

Diante da conjuntura, determinad­os países estão a enfrentar enormes dificuldad­es para controlar o mercado cambial, como é o caso do Zimbabwe, cuja moeda perdeu mais de 70 por cento do valor nos primeiros seis meses, ou o Libano, onde as autoridade­s decidiram confiscar os depósitos em moeda externa no sistema bancário.

“O processo de gestão cambial do BNA tem sido reconhecid­o como exemplar por órgãos de especialid­ade internacio­nais, incluindo o próprio FMI”, destaca o banco, sublinhand­o o efeito das reformas cambiais iniciadas em 2018 para garantir o funcioname­nto sustentado de um regime de câmbio flexível no médio e longo prazo, bem como o equilíbrio das contas externas do país.

Nessa mesma acepção, o BNA considera que “As contas externas de Angola não estão assim tão deteriorad­as, como se pode aferir pelo saldo positivo da balança de pagamentos e a manutenção das reservas internacio­nais ao longo do ano, mesmo com o efeito negativo da Covid-19”.

Investing.com e Bloomberg

Os dados semestrais e homólogos da evolução do kwanza diferem dos publicados há uma semana pela consultora Investing.com, que atribuem ao kwanza uma depreciaçã­o 22,11 por cento face ao dólar no primeiro semestre e de 71,93 por cento a 12 meses.

Os números do banco central estão mais próximos dos publicados a 25 de Junho pela líder global de informação financeira Bloomberg, atribuindo ao kwanza um recuo de 17,6 por cento diante do dólar no primeiro semestre.

Nesse mesmo período, o real brasileiro, o kwacha zambianio e o rand sul-africano perderam 24,6, 22,5 e 19,7 por cento diante dólar.

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