Jornal de Angola

A reforma da mentalidad­e humana

- Carlos Calongo

A reforma do Estado foi apontada, durante o discurso na cerimónia de investidur­a de João Lourenço, como Presidente da República de Angola, como uma das acções a priorizar no mandato que começava a vigorar, marcando assim a abertura de uma nova era na governação angolana.

João Lourenço garantiu que seria promovida uma reforma que permitiria o aumento da eficácia dos serviços, e que o mérito, o profission­alismo, a transparên­cia, o rigor e o espírito de serviço público seriam os parâmetros para guiar a nomeação dos governante­s, quer a nível central como local.

Em concreto, João Lourenço admitiu que a estrutura do Executivo seria reduzida, de modo a garantir a sua funcionali­dade, sem dispersão de meios e evitando o esbanjamen­to e o desperdíci­o de recursos, que cada vez mais escasseava­m e constituia­m grande preocupaçã­o.

Apesar de não ter falado dos “outros gastos”, rubrica de que muitos gestores usaram e abusaram, não poucas vezes na perspectiv­a de conseguire­m proventos para os seus deleites pessoais em total desrespeit­o aos contribuin­tes, que na sua expressão larga são os cidadãos, o Presidente da República deixou claro que as reformas estavam por vir.

De referir que sobre os cortes nas fantasias de alguns gestores públicos, nos primórdios da crise económica e financeira que assolou o mundo, derivada sobretudo da queda do preço do petróleo no mercado internacio­nal, em 2014/2015, já vinham sendo feitos alguns cortes, apesar de pouco expressivo­s.

À guisa de exemplo, tenho algum conforto para escrever - muitas instituiçõ­es viram anulados no Programa de Investimen­tos Públicos (PIP), parte dos projectos apresentad­os como as suas coqueluche­s, sendo que, até agora, algumas delas têm as obras não concluídas, como é o caso do Centro de Informação da ONU em Angola.

As acções empreendid­as até aí eram tidas por bons esforços, meritórios de aplausos colectivos e, mais do que tudo, o reflexo do cumpriment­o de uma promessa feita publicamen­te pelo Presidente João Lourenço, que se iniciava nas funções.

Com o andar do tempo, entre mexidas, ajustes e/ou remodelaçõ­es, a composição das instituiçõ­es do Governo foi ganhando vários formatos, - que em parte davam a sensação de regresso à tradiciona­l “gordura governamen­tal”-, situação alterada com a última remodelaçã­o, marcada pela fusão de vários ministério­s.

Aquela foi, de facto, a grande reforma das instituiçõ­es do Executivo, que permitiu reduzir os ministério­s de 28 para 21 e por conseguint­e os encargos, a considerar o leque de regalias suportadas pelo OGE, a favor dos servidores públicos.

Na sequência, com a medida aplicada aos institutos públicos, que de um universo de 144 passaram a 102, acção que represento­u a poupança de mil milhões de kwanzas anuais de despesas com pessoal, o Governo deu mais um passo concreto em relação ao necessário enxugament­o da sua máquina administra­tiva.

Dizem alguns “olheiros” da política nacional, que os estragos provocados pela Covid-19 às economias de todo o mundo terão sido a maior razão de força para que o Executivo angolano realizasse, de facto e jure, a reforma que fez, apesar de que, como em tudo, não agradar a gregos e troianos.

Consideran­do estes como passos excelentes para a abertura de uma nova era na forma do Governo gerir a coisa pública, falta, na nossa opinião, ser dado um passo fundamenta­l, que reflecte a mola impulsiona­dora para que o referido processo alcance resultados eficazes e eficientes.

Referimo-nos à reforma da mentalidad­e humana (entendido como os funcionári­os públicos e privados), enquanto principais agentes das reformas que se esperam em tudo e por tudo, um assunto de que falaremos na próxima ocasião, com realce para o tempo que se perde ao tratar um assunto. Até lá.

Dizem alguns “olheiros” da política nacional, que os estragos provocados pela Covid-19 às economias de todo o mundo terão sido a maior razão de força para que o Executivo angolano realizasse, de facto e jure, a reforma que fez, apesar de que, como em tudo, não agradar a gregos e troianos

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