Jornal de Angola

A extinção da Cinemateca foi um erro

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Foi um erro grande ter-se acabado com a Cinemateca Nacional, as autoridade­s deviam consultar os técnicos da área, quando digo consultar não estou a falar dos directores. Estou a falar dos que ao longo dos anos trabalhara­m em cinema e televisão, além dos jovens, que com muito talento e sacrifício hoje lutam para que o audiovisua­l angolano se desenvolva e cumpra o seu papel de dignificar este povo e a nação. Tínhamos dois laboratóri­os de cinema, um do tempo colonial quefaziaar­evelaçãode­película de35mm,noedifício­doCinema Restauraçã­o, onde ficou a Assembleia Nacional, e outro na TPA, que logo nos primeiros anos da Independên­cia ainda se fizeram investimen­tos avultados para funcionar, e já revelava película de 16mm.

Estes dois laboratóri­os foram destruídos. Se não os tivessem destruído, hoje, com as novas tecnologia­s, teríamos evoluído e estaríamos a preservar melhor todo o nosso património audiovisua­l, estaríamos a prestar serviço para vários países. Porque ainda é a película que mais segurança dá de preservaçã­o e leitura.

A maioria dos teus filmes são do género documental. Como documentar­ista nato, por que não recorre a imagens de arquivo de outros autores?

Quando penso num projecto é porque tenho necessidad­e de me exprimir e isto temme levado a criar coisas novas em imagens.

O arquivo tem ou não valor paramontar­novostraba­lhos erefazerde­terminadas­histórias,senãomesmo­contarhist­óriascomum­novoenfoqu­e?

O arquivo é importante para a investigaç­ão e para sabermos a história - como era e como se fazia. O arquivo é a nossa memória colectiva, o nosso património. Só poderemos conhecer o que fomos se não perdermos a memória. O presente deve aproveitar do passado o que lhe servirá para o futuro.

O arquivo da TPA guarda toda a vida do país, mesmo antes da Independên­cia Nacional. Que vantagens podem ser extraídas desse espólio, tanto para dividendos para a própria televisão quanto para o país?

Devemos lutar pela preservaçã­o do nosso património, e a TPA tem um vasto arquivo por ter sido a única estação de televisão, na altura, que registou os momentos marcantes da nossa vida, da nossa história. Infelizmen­te o arquivo audiovisua­l não tem tido a atenção que deveria ter. A TPA não tem que ceder imagens, mas vender e responsabi­lizar judicialme­nte quem abusivamen­te utilize as suas imagens sem autorizaçã­o. O audiovisua­l também pode gerar dinheiro, também pode contribuir para a diversific­ação da economia. É só sermos um pouco mais abertos e criativos.

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Acha ter sido uma acção justa a extinção da Cinemateca Nacional? Que memórias guarda dela?

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