Encarregados de educação cépticos em relação ao reinício das aulas
Os casos da Covid-19 em Luanda estão a disparar a cada dia que passa e no Cuando Cubango continuam a chegar pessoas provenientes da capital do país
Pais e encarregados de educação dos alunos do II ciclo de ensino secundário na província do Cuando Cubango mostraram-se receosos quanto ao reinício das aulas previstas para o dia 13 do mês em curso, por falta de garantias de condições de higienização nos estabelecimentos escolares, agravada ao crescimento de casos da Covid-19 na província de Luanda, que se aproxima do contágio comunitário.
João Baptista disse que, apesar do Cuando Cubango ainda não ter registado qualquer caso da doença, não é aconselhável que as aulas reiniciem no dia 13 de Julho e pede ponderação por parte do Governo, no sentido de rever a sua posição, sublinhando que todos os estabelecimentos do segundo ciclo de ensino na região não possuem água canalizada.
“Os casos da Covid-19 em Luanda estão a disparar a cada dia que passa e aqui no Cuando Cubango continuam a chegar pessoas provenientes de Luanda. Como conseguem violar a cerca sanitária, não sabemos, mas é uma realidade e, neste sentido, aconselho o Governo a anular o actual ano lectivo”, disse João Baptista. “Tenho dois filhos que estudam no Instituto Médio de Gestão ‘23 de Março’ e prefiro que eles percam os estudos” - acrescentou.
Diz a sabedoria popular que “mais vale um filho analfabeto e vivo do que um filho licenciado e morto”, atirou para sublinhar que “não podemos brincar com esta doença. É necessário velar pela vida dos nossos filhos e não vamos mandá-los para a escola à custa de interesses obscuros de algumas entidades, sobretudo as do sector privado”.
Por seu turno Nicolau Vasco, funcionário público e pai de dois filhos que frequentam o segundo ciclo de ensino, também prefere não arriscar e garantiu que não vai mandar os adolescentes à escola por causa da situação epidemiológica de Luanda, que pode se alastrar para todo o país a qualquer momento, porque o vírus é invisível e as pessoas continuam a circular como se nada estivesse acontecer.
Salientou que a maior parte das escolas dos diversos níveis de ensino no Cuando Cubango está desprovida de água para a lavagem constante das mãos e outras condições de biossegurança para os alunos, professores e funcionários administrativos, facto que pode representar um risco de propagação do novo coronavírus.
Uma equipa de reportagem do Jornal de Angola fez uma ronda pelos oito institutos do segundo ciclo de ensino onde constatou existir um movimento tímido na preparação dos meios de biossegurança contra a Covid-19, devido à escassez de recursos financeiros, enquanto outros como casos da ADPP, o Instituto Médio Técnico de Saúde (IMTS) e o Instituto Técnico Agrário do Missombo (ITAM) estão a fazer progressos.
Recentemente, o director do gabinete provincial da Educação, Miguel Kanhime, em declarações ao Jornal de Angola, explicou que todos os institutos recebem uma quota financeira mensal dos cofres do Estado, razão pela qual cada um deve criar as condições de biossegurança para a protecção dos estudantes, professores e do pessoal administrativo.
João Baptista disse que, apesar do Cuando Cubango ainda não ter registado qualquer caso da doença, assegurou que não é aconselhável que as aulas reiniciem no dia 13 de Julho e pede ponderação da parte do Governo