Jovens desobedecem constantemente o distanciamento físico entre as pessoas
O Decreto sobre a Situação de Calamidade Pública estabelece, no artigo 20º, sobre Competições e Treinos Desportivos, que a prática desportiva individual e de lazer em espaços abertos é feita com distanciamento físico
O crescente número de casos de contaminação local da Covid-19 tem preocupado cada vez mais as autoridades sanitárias da província de Luanda que, diariamente, apelam aos munícipes a não descurar as regras de prevenção e combate à pandemia.
A criação de condições para a adaptação a uma nova postura social, capaz de garantir, com segurança, a gradual retoma da vida económica e social não tem sido fácil, principalmente devido à negligência demonstrada por muitos cidadãos.
O Decreto sobre a Situação de Calamidade Pública estabelece, no artigo 20º, sobre Competições e treinos Desportivos, que a prática desportiva individual e de lazer em espaços abertos é feita com distanciamento físico de segunda a sexta-feira, entre as 5h30 e as 7h30 e entre as 17h00 e as 20h30.
Para fugir da monotonia provocada pelo confinamento social, muitos munícipes aglomeram-se em vários espaços públicos, como largos, avenidas e pontes pedonais, para a prática de diversos exercícios físicos.
Nas imediações do Quintalão do Petro, no Golfe 2, às 19h00, uma multidão de jovens e adultos acompanhados de crianças fazem exercícios físicos sem nenhuma precaução em relação ao distanciamento físico, violando as normas estabelecidas pelas autoridades sanitárias do país. O entusiasmo de sair da monotonia do desconfinamento está a mostrar muitos munícipes que não querem saber do distanciamento físico e outras exigências para evitar a propagação da pandemia da Covid-19.
Sem a máscara, devido à perda de oxigénio na medida que fazia uma corrida leve de aquecimento, Manuel Paulo, no meio de algumas pessoas, não mostra preocupação com o distanciamento. Questionado sobre a situação, diz que a prática de exercícios contribui para a melhoria da qualidade de vida. Acrescentou que se não tiver mais cuidado ainda pode acabar por contrair a doença e contaminar as pessoas de casa.
“Reconheço que a maioria das pessoas aqui presente está a negligenciar o apelo das autoridades sanitárias, uma vez que estão a aparecer muitos casos nos hospitais que estão a ser estudados para saber a origem da contaminação”, disse Manuel Paulo, dando ênfase à ideia de que todo cuidado, neste momento, é pouco.
O jovem, que é funcionário público, prometeu, ao ver a gravidade da situação, que passará a fazer exercícios em horas mortas e com poucas pessoas no largo, de maneira que não seja um problema para a família e para os colegas no local de trabalho que, por negligência, possa vir a infectá-los em caso de contágio. “Se aparecer um caso positivo no meu posto de trabalho, logo todos vamos ser obrigados a ficar de quarentena, o que todos queremos evitar”, sublinhou o jovem.
Ao ver toda aquela gente “todos juntos e misturados” Maria de Jesus questionou-se se ainda é possível, mesmo com todas campanhas de sensibilização feitas diariamente nos meios de comunicação para conter a propagação da Covid-19, existirem pessoas que mostram tamanha irresponsabilidade.
A idosa, que saía da padaria, ficou assustada com o elevado número de pessoas no largo, e, num tom de brincadeira, disse: "basta uma pessoa infectada passar por aí, tudo está estragado! Um bairro inteiro, milhares de casos vão aparecer nas unidades sanitárias e sem vínculo epidemiológico".
“Para muitas pessoas, na hora de ir trabalhar são de idade de risco, têm filhos pequenos e por isso têm de ficar em casa, mas por que ficam na rua e com os seus filhos fora da residência?" - questionou, dando realce ao paradoxo. E o mais agravante, até as crianças não usam máscara de protecção, apontou Maria de Jesus em tom de reclamação, para depois sentenciar: "as autoridades devem responsabilizar os infractores por tais actos que põem em risco a saúde pública".
A idosa reconheceu que a prática de exercícios físicos é saudável, mas, ressalvou, só quando se respeitam as normas que este período exige. O que os praticantes de exercícios físicos estão a fazer é expor-se ao risco de propagar rapidamente a pandemia, que já ceifou milhares de vidas no mundo.
Outro cenário preocupante na avenida
Fidel Castro, no Benfica, é uma das pedonais que é transformada em ginásio a céu aberto, de um lado para o outro, o que dificulta os transeuntes na sua locomoção. Todas as manhãs e de tarde a situação é a mesma. Mas ainda assim há quem, ao invés de ficar parado, prefere correr ao longo do bairro e assim evita os contactos físicos com outras pessoas, como é o caso do casal Roque que, durante duas vezes por semana, faz exercícios físicos de forma prudente e segura para que não possa causar problemas para os filhos menores. E garantiu que os membros da família estão a cumprir à risca os conselhos das autoridades sanitárias desde o começo da pandemia.
“Como o hábito de fazer exercícios já era comum em casa mesmo antes da pandemia, agora que foi liberado começamos a fazer na rua, mas de maneira responsável”, frisou Roque
Galvino.
Para fugir da monotonia provocada pelo confinamento social, muitos munícipes aglomeram-se em vários espaços públicos, como largos, avenidas e pontes pedonais, para a prática de diversos exercícios físicos