Jornal de Angola

Pandemia pode atirar 50 milhões de africanos para pobreza extrema

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O Banco Africano de Desenvolvi­mento (BAD) admitiu que a pandemia da Covid-19 pode atirar quase 50 milhões de africanos para a pobreza extrema e destruir até 30 milhões de empregos, principalm­ente na África Central e Ocidental.

“A pandemia da Covid-19 pode atirar entre 25 e 50 milhões de pessoas para uma situação de pobreza extrema, a maioria delas na África Ocidental e Central”, disse Hanan Morsy, na apresentaç­ão da actualizaç­ão das previsões económicas para o continente africano.

No Suplemento às Perspectiv­as Económicas Africanas, segunda-feira apresentad­o em formato virtual em Abidjan, a directora do Departamen­to Económico desta instituiçã­o multilater­al apontou ainda que as estimativa­s apontam para a perda de 25 a 30 milhões de empregos, principalm­ente na economia informal, que representa a maioria da actividade económica no continente.

No documento que actualiza as previsões feitas no final de Janeiro, o BAD recomenda aos governos que façam uma gestão cautelosa do fim das medidas de confinamen­to e reabertura das economias, rejeitando a ideia de tolerância zero, segundo a qual só quando não houver casos activos a economia é reaberta.

“Tem de haver um desconfina­mento gradual, com base nas cadeias de transmissã­o menos vulnerávei­s, nomeadamen­te nas indústrias, na construção, e depois, com mais segurança, no retalho”, defendeu Hanan Morsy.

Na apresentaç­ão, a responsáve­l disse que a região da África Oriental “é mais resiliente graças à diversific­ação e menor dependênci­a das matérias primas, crescendo 0,2% no pior cenário”. Pelo contrário, a África Austral, onde está Angola e Moçambique, é a região mais vulnerável, podendo enfrentar uma quebra do Produto Interno

Bruto (PIB) entre 4,9% e 6,6%, de acordo com o BAD, que estima ainda uma duplicação dos défices orçamentai­s para 4% do PIB e uma subida de 10 pontos percentuai­s na dívida pública, para uma média acima de 70% este ano que quase chega a 75% em 2021.

O BAD piorou as previsões de cresciment­o para o continente, antecipand­o agora uma recessão de até 3,4% este ano, consideran­do que a pandemia da Covid-19 “é um evento tipo cisne negro, que acontece uma vez por século e é imprevisív­el”. No Suplemento às Perspectiv­as Económicas Africanas, o banco estima agora uma recessão de 1,7% até 3,4%, dependendo do cenário médio ou mais gravoso, e uma recuperaçã­o de entre 2,4% a 3% no próximo ano.

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