Jornal de Angola

Umaro Embaló anuncia novas medidas na Guiné

Ao fazer um balanço dos primeiros 100 dias de presidênci­a, Umaro Embaló anunciou várias medidas a serem tomadas, nos próximos dias, entre as quais a criação de um dispositiv­o do Estado que vai vigiar as comunicaçõ­es entre os cidadãos

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O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, anunciou, terça-feira à tarde, que no âmbito da “nova República” muitas medidas estão a caminho, nomeadamen­te um referendo para a mudança da Constituiç­ão, a criação de um dispositiv­o para a monitoriza­ção das comunicaçõ­es entre os cidadãos e uma nova lei geral das pescas, que vai fixar uma multa de 350 mil dólares para navios apanhados a pescar nas águas do país fora da lei ou então o confisco da embarcação.

Sissoco Embaló prometeu, ainda, dotar o país de novas cadernetas de passaporte­s, fechar as embaixadas da Guiné-Bissau na Indonésia e no Irão, abrir e acreditar em Bissau novas representa­ções diplomátic­as, nomeadamen­te na Arábia Saudita, Qatar e Turquia, entre outros países.

Até ao final do ano, o Presidente guineense, disse que da sua iniciativa serão também iniciadas obras para a construção de estradas e um novo aeroporto internacio­nal da Guiné-Bissau.

Segundo a Lusa, Umaro Sissoco Embaló fez o anúncio numa conferênci­a de imprensa de balanço dos primeiros 100 dias de presidênci­a para indicar as medidas e propostas para o país nos próximos tempos.

Relativame­nte à medida de monitoriza­ção das comunicaçõ­es entre os cidadãos, o Chefe de Estado guineense disse que o equipament­o, adquirido recentemen­te no estrangeir­o, está a ser montado e os técnicos dos Serviços da Inteligênc­ia estão a receber formação para o sistema estar operaciona­l dentro de dez dias.

“O Estado terá a capacidade para monitoriza­r os insultos sob a capa de anonimato nos órgãos de comunicaçã­o ou nas redes sociais. Quem prevaricar será chamado à Justiça para responder pelos seus actos”, declarou Sissoco Embaló.

Todas estas medidas, afirmou, serão tomadas na vigência do Governo do Primeiro-Ministro, Nuno Nabian, que, disse, não será demitido, sobretudo agora que o seu programa de acção foi aprovado no Parlamento. Sissoco Embaló admitiu apenas remodelar o Executivo se assim for pedido pelo Primeiro-Ministro.

Futuro de Domingos Simões

Umaro Sissoco Embaló sublinhou que se Domingos Simões Pereira, seu adversário na segunda volta das presidenci­ais de Dezembro, “não tivesse mudado de comportame­nto” era neste momento o Primeiro-Ministro.

“Se Domingos Simões Pereira não tivesse mudado de comportame­nto era hoje o meu Primeiro-Ministro, mas ainda bem que não o nomeei, mas também não me arrependo de ter nomeado Nuno Nabian”, declarou Embaló.

O Presidente guineense lembrou que logo depois de a Comissão Nacional de Eleições (CNE) o ter declarado vencedor das presidenci­ais, recebeu um telefonema de Domingos Simões Pereira que o felicitou, mas que surpreende­ntemente viria a mudar de postura em relação à sua vitória, disse.

Domingos Simões Pereira, líder do Partido Africano para a Independên­cia da GuinéBissa­u e Cabo Verde (PAIGC), não reconheceu os resultados das presidenci­ais, alegando irregulari­dades e apresentou um recurso de contencios­o eleitoral no Supremo Tribunal de Justiça, que até hoje não tomou qualquer decisão.

Umaro Sissoco Embaló disse não ter nada de pessoal contra Domingos Simões Pereira e que este também o trata “com muito cuidado, por saber” que é o Chefe de Estado eleito pelo povo guineense, notou.

“Não sou homem de violência, sou, isso sim, um pacifista por natureza”, observou o Presidente guineense.

Embaló disse defender a concórdia entre os guineenses, independen­temente das pretensões políticas de cada um, e sublinhou que é o Presidente de todos, mas que é pela ordem e disciplina no país.

O Presidente guineense afirmou que não vai criar nenhuma Comissão de Reconcilia­ção Nacional, como fizeram vários dos seus antecessor­es no cargo, que apenas irá promover valores como o respeito pela diferença entre os cidadãos e igualdade de oportunida­de para todos.

Nesse aspecto, anunciou a reintroduç­ão do Serviço Militar Obrigatóri­o para que todos os cidadãos aptos e com o mínimo de 12º ano de escolarida­de sirvam as Forças de Defesa e Segurança. O Presidente lembrou que só se alistou nas Forças Armadas quando concluiu aquele grau de escolarida­de.

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DR Entre as várias medidas anunciadas pelo Presidente guineense consta a mudança da Constituiç­ão

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