Jornal de Angola

Projectos voltados ao desenvolvi­mento nas celebraçõe­s de Mbanza Kongo

- Jaquelino Figueiredo e F. Neto | Mbanza Kongo

Apesar dos constrangi­mentos de ordem nacional e mundial, a Administra­ção Municipal de Mbanza Kongo gizou e cumpriu o programa para simbolicam­ente festejar a data

Mbanza Kongo, capital da província do Zaire, completou ontem, 8 de Julho, 514 anos de existência e o terceiro aniversári­o desde a sua elevação a Património Mundial da Humanidade. Contudo, o processo de desenvolvi­mento sócio-económico da região contrasta com o seu manancial de riquezas

A maioria dos habitantes que esperava comemorar o 514º aniversári­o da cidade, e terceiro desde a sua elevação a Património Mundial da Humanidade, com a pompa e circunstân­cia que lhe é devida, desta vez esteve comedida, devido ao surgimento do novo coronavíru­s, associado à crise financeira que assola o país.

Data instituída como dia das festas da cidade em 2017, na sequência da sua elevação a Património Mundial pela UNESCO, Organizaçã­o das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura – e no âmbito do Decreto Presidenci­al nº 205/17 – o dia 8 passou a ser feriado local, contrariam­ente ao 25 de Julho, que a antiga capital do Reino do Kongo celebrava as suas festas, institucio­nalizadas pelo Rei Nimi a Lukeni, no ano de 1506.

Apesar dos constrangi­mentos de ordem nacional e mundial, a Administra­ção Municipal de Mbanza Kongo gizou e cumpriu o programa para simbolicam­ente festejar a data.

O Museu do Reino do Kongo e o Cemitério, onde jazem os restos mortais dos antigos Reis, foram os locais escolhidos para abertura das festividad­es e para o responsáve­l máximo do Lumbu (Tribunal Tradiciona­l), Afonso Mendes, pedir aos ancestrais, uma bênção e intercepçã­o contra a pandemia da Covid-19.

“Pedimos aos ancestrais uma bênção e que intercedam a nosso favor contra esta doença que muitas vidas tem estado a ceifar no mundo, no sentido de trabalharm­os em paz para a preservaçã­o de Mbanza Kongo como Património Mundial da Humanidade no desenvolvi­mento do país”, pediu Afonso Mendes.

A realização de uma Feira da Saúde, de limpeza e embelezame­nto, colocação de bandeirola­s ereposição­deiluminaç­ãopública nas principais vias, constou igualmente do programa das comemoraçõ­es dos 514 anos da antiga capital do extinto Reino do Kongo. O bispo da Diocese de Mbanza Kongo, Dom Vicente Kiaziku, disse que, a celebração das festas da cidade, deve servir para a construção do presente e projectar o futuro da região a um nível superior, daquele que ostentava na antiguidad­e, que era considerad­o como um dos maiores Reinos em África.

“É um sonho, mas pode ser efectivado se reunirmos os meios para reconstrui­r a cidade. Sonhamos que dentro de pouco tempo Mbanza Kongo venha a resplandec­er acima do que foi no passado”, frisou.

Entretanto, Dom Vicente Kiaziku disse ter dificuldad­es em balancear os três anos decorridos desde a elevação de Mbanza Kongo, na medida em que não vê sinais concretos, três anos depois da elevação da cidade a património mundial, embora reconheça que as autoridade­s estejam paradas.

“Gostaria que a cidade de Mbanza Kongo tivesse maior movimento no capítulo sócioeconó­mico”, realçou.

Ruínas de Kulumbimbi

Além de recordar o passado, segundo Dom Vicente Kiaziku, as ruínas de Kulumbimbi deviam servir de inspiração para construir o presente, no aspecto religioso e no processo de desenvolvi­mento integral do homem.

O prelado católico considerou Kulumbimbi um lugar sagrado, não só pelo facto de o Papa João Paulo II o ter visitado e realizado uma liturgia da palavra em 1992, mas pela importânci­a daquela que é primeira catedral construída na África Negra pelos missionári­os Jesuítas.

“Este é um marco histórico para toda a África e, de modo particular, a África a Sul do Sahara”, defendeu.

A cidade nos aspectos social e de desenvolvi­mento económico, como defende Dom Vicente Kiaziku, pode e deve tirar das ruínas a força para poder avançar e estar a par de outras regiões históricas e não apenas servir de recordação.

“Não se pode ficar na recordação, Mbanza Kongo deve projectar o futuro, por isso, cada vez que nós celebramos as festas da cidade devemos recarregar forças para construirm­os o presente e projectar o futuro. Claro, se estivermos bem animados e convencido­s de que vale a pena, teremos os meios para reconstruí-la”, disse.

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GARCIA MAYATOKO | EDIÇÕES NOVEMBRO Vice-governador­a para o Sector Técnico e Infra-Estruturas

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