Lourenço, o capitão ergueu as três primeiras taças do Girabola
Lourenço Caquinta Chilombo. Foi dos melhores defesas centrais de Angola e temido por muitos avançados do seu tempo. É co-fundador do 1º de Maio de Benguela e do 1º de Agosto do qual foi capitão durante vários anos e venceu os primeiros três campeonatos nacionais. É dos poucos jogadores que mais vezes representaram os Palancas Negras. Partilhou os relvados com jogadores da estirpe de Geovety, Chimalanga, Ndunguidi, Carlos Alves, Napoleão Brandão, Garcia, Luvambo, Chibi, Vicy, Salviano, Jesus, Vata e muitos outros. Actualmente é treinador das camadas jovens do 1º de Agosto
Lourenço Caquinta Chilombo, também conhecido por Beijú entre os mais próximos, começou a jogar futebol por volta de 1965 no bairro da Caponte em Benguela. Com a sua mudança para o Bairro da Camunda, em 1968, fez parte do grupo de jovens jogadores liderados por Manuel Petaim, Paulo Muteca, António Caxibingó, Sr, Francisco e outros que fundaram o Benfica da Camunda.
“Era um clube de Bairro com jogadores de grande valia técnica como João Banana, Manuel Cambuquite, Puputa, Prata, Horácio, Pedro Candembe, Cruz e outros. Em 1970, vencemos o torneio provincial que dava acesso ao “Torneio Cuca” começou por dizer o antigo capitão do 1º de Agosto.
Além do Benfica da Camunda,conta,oreferidotorneio contou com a participação do Escola do Zangado, Os Perdidos do Bairro Popular de Luanda, e o Sporting da Calomanda do Huambo. “O torneio foi vencido pelo Escola do Zangado,quenaépocacontavacom jogadores fogosos como Lourenço Bento, Firmino Dias, Matreira, Garrincha e companhia. Nós saímos em 3º lugar”.
Entre 1972 a 1973 fez parte de um grupo de jogadores Rui Araújo que fundaram o Grupo Desportivo 14 de Abril, que mais tarde tornou-se o 1º de Maio de Benguela. Entretanto, a sua maturidade em termos desportivos era cada vez mais notada e por isso foi contratado para representar o Portugal de Benguela (hoje nacional de Benguela) na época treinado por Miau.
“Quando cheguei ao Portugal de Benguela encontrei o Dias, Juca, o Renato, Motaveiga, Luvambo, Fragoso, Regadinha, Sardinha, Mandinho, Kim Wilham e outros. O Ti Leo e o João Gregório haviam sido contratados primeiro que eu” recorda-se .
Com o Portugal de Benguela, Lourenço, jogou um campeonato Distrital e posteriormente o Provincial e teve o privilegio de fazer várias partidas com as melhores equipas da época. “No Moxico havia o Futebol Clube local, com Seninho, Chico Gordo, Varela e outros que faziam furores. O Seninho, era um jogador muito talentoso e dava muito trabalho a qualquer defesa”.
Em Moçâmedes (Namibe), havia o Independente do Porto Alexandre, com os Manos Gancho, Gavino, Estrela e muitos outros. “Este trio, era temido por todos os clubes que fossem jogar em Moçâmedes. Era extremamente difícil passar por eles em sua casa” diz Man Loras.
O antigo capitão do 1º de Agosto diz que “além de Luanda, onde o Asa era a equipa de topo, em Ndalatando, também não era fácil jogar contra os Dinises.
Quando lá fomos jogar, o grande Napoleão, era suplente. Só por ai dá para ver que havia muitos bons jogadores. Resumindo, na época colonial havia jogadores talentosos em todas as províncias.
Em finais de 1973, Miau, transfere-se para o Sporting de Benguela. “Esta mudança foi um choque para os adeptos do Portugal de Benguela, que passou a contar com Amílcar
Silva, como treinador. Não sei o que estava por traz da sua decisão. Assim a rivalidade entre os dois clubes aumentou porque tinham ambos muitos adeptos. Além disso havia outros motivos para a rivalidade como por exemplo o facto de eu ter como adversário o meu irmão mais velho (Zagalo) e o Sardinha o seu irmão gémeo” disse.
Lourenço diz que no referido dérbi até ao intervalo o Sporting vencia por uma bola a zero. “Na segunda parte muito próximo do fim o Portugal empatou. Depois disso o Miau começou a sentir-se mal e foi para o hospital e horas depois (ou no dia seguinte) fomos informados que o havia falecido. Foi um grande choque para toda a família do futebol a nível de Benguela”.