Campanha marcada por fuga de pessoas com teste positivo
Recusa em fornecer dados e fuga de pessoas com teste rápido da Covid-19 positivo marcaram a campanha massiva de testagem voluntária no bairro Mártires de Kifangondo, Distrito Urbano da Maianga, em Luanda
Cidadãos, principalmente oeste-africanos, com testes rápidos da Covid-19 positivos negaram-se ontem a fornecer os dados pessoais e contacto telefónico, durante a realização da testagem massiva no bairro Mártires de Kifangondo. Outros, mais ousados, meteram-se em fuga, depois de saberem os resultados.
“Neste momento, temos um cidadão retido que se nega a indicar os familiares próximos, fornecer o endereço e contacto telefónico”, disse uma técnica de saúde destacada no local, acrescentando que a equipa de psicólogos trabalhava com o cidadão, no sentido de obter informações, apesar de mostrar muita resistência.
Já António Manuel (nome fictício), 64 anos, mostrouse abatido e assustado, depois de receber o teste rápido da Covid-19 positivo. A situação exigiu a intervenção dos médicos psicólogos presentes no local, que o sensibilizaram e aconselharam a realizar a colheita de amostra com a zaragatoa para a confirmação do primeiro resultado. Devido ao primeiro resultado, a esposa, que estava em casa, foi chamada para realizar também um teste rápido da pandemia.
Preocupado, depois do segundo exame, António Manuel pediu aos técnicos de saúde para não lhe esconderem nada. A técnica explicou-lhe que só o resultado do segundo exame havia de determinar a situação dele. “Paizinho, vamos esperar pela sua esposa, após o teste dela, vocês podem ir para casa e nós vamos dar seguimento do processo”, explicou.
“É melhor falarem que já tenho o novo coronavírus, do que esconder, assim me conformo já com a doença. Se o teste que recebi deu positivo, fiz o outro, mesmo assim ninguém diz se a situação é preocupante ou não”, resmungava o ancião.
Já Alfredo Mavunga e Luísa Sobrinho tiveram os resultados negativos. Os dois vivem no Mártires de Kifangondo e partilham a opinião de que as pessoas devem fazer o teste da Covid-19, sobretudo para se protegerem, bem como a família e a sociedade para cortar a cadeia de transmissão.
Eles exortaram as pessoas a respeitar as medidas de prevenção contra a pandemia em casa, nos locais de trabalho e estabelecimentos comerciais.
As ruas 15 e 16 estavam ontem apinhadas de pessoas. Milhares de voluntários, entre crianças, jovens, adultos e idosos, marcaram presença para a realização dos testes da Covid-19.
No local havia várias tendas para a realização dos testes rápidos, de zaragatoa, recolha de dados e consultas de Psicologia para o atendimento de pessoas com casos positivos. Às oito horas, as primeiras pessoas começaram a ser atendidas.
Tudo estava organizado, desde a equipa técnica, entrega de resultados e outros serviços. Muitos temiam que não fossem atendidos, pois seriam realizados mil testes e a demanda era muita.
A ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, justificou a realização dos testes em massa no Mártires de Kifangondo com o registo de vários casos positivos no Distrito Urbano da Maianga e com o facto de naquele bairro existirem muitos contactos de pessoas infectadas no Hoji-ya-Henda.
Mais de três mil testes realizados
A ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, revelou que foram realizados, até ontem, mais de três mil testes rápidos da Covid19, não tendo sido registado um número elevado de potenciais casos positivos.
“Em termos percentuais, está a volta de 0.8 por cento, isto mostra que a situação não é má, mas é preciso reforçar as medidas de biossegurança, evitar os grandes conglomerados, cumprir com os distanciamentos, usar máscaras e lavar as mãos”, afirmou.
Sílvia Lutucuta referiu que foram realizados testes a um grande número de efectivos da Polícia Nacional, cujos resultados serão anunciados brevemente. “Neste momento, a grande preocupação das unidades sanitárias tem a ver com o aumento de casos da Covid-19”, disse.