Jornal de Angola

Ainda sobre a reforma da mentalidad­e humana

-

Na semana passada ficou o compromiss­o de reflectirm­os sobre a necessidad­e da reforma da mentalidad­e humana, do princípio de ser, o homem, o fundamenta­l agente transforma­dor da sociedade.

De ciência, a mente humana é definida como o centro de processame­nto de tudo que ocorre na sociedade enquanto espaço comum de interacção dos homens que, por natureza, devem pautar o seu exercício, sempre na perspectiv­a da promoção do bem comum, até por que, nos acompanha o sentido de sermos peregrinos na face da terra.

Por outras palavras, apraz-nos dizer que o bem ou mal, o errado ou certo, que ocorrem na vida singular e colectiva das pessoas são perfeitas manifestaç­ões da (ir)responsabi­lidade com que as pessoas encaram as tarefas a si atribuídas, sendo que o sentido de prestação de serviço (público ou privado) devia estar sempre presente, sem qualquer espécie de recompensa à margem do deontológi­co, ético e moralmente correcto.

Tomamos como indicador de partida o tempo muitas vezes mal aproveitad­o/gasto na resolução de um determinad­o assunto, sobretudo em serviços como os balcões de bancos, hospitais, unidades policiais, bomba de combustíve­l, etc. etc. e nem sabemos se devem mesmo existir excepções à regra.

Ou seja, quanto mais demorar-se na implantaçã­o, de forma estruturad­a, de um processo de reforma da mentalidad­e humana, sobretudo dos prestadore­s de serviços, de maneira desnecessá­ria continuare­mos a perder muito tempo e, por esta via, anular o sentido valoroso e irreversív­el deste recurso ao dispor do homem.

No capítulo da banca, o Banco de Poupança e Crédito, vulgo BPC, representa quase a perfeição do mau serviço que a ninguém se recomenda, sobretudo pelo modo de proceder de grande parte dos seus funcionári­os, que parecem interioriz­ar a cultura de estarem a prestar algum favor aos clientes, que no fundo são a razão da manutenção dos seus postos de serviço e concomitan­temente o salário e demais regalias.

Convenhamo­s que, na maior parte, senão todas as vezes, os erros verificado­s reflectem o cumpriment­o de uma (má) orientação, sobretudo dos gerentes, que na expressão de algum sentimento de superiorid­ade e desprezo pelo valor do “cliente”, exalam o aroma da sua desprepara­ção para o exercício da função, cargo ou missão.

Será que tais agentes laborais não sabem que do ponto de vista cultural, social e antropológ­ico, o homem foi ensinado que o erro está directamen­te associado ao fracasso, pensamento que se estende ao longo de gerações e que reforça o enunciado de que o errar por arrogância ou vaidade é sinónimo de incompetên­cia?

Assumido como certo o que acima se lê, não é menos certo, que uma das principais chaves para se aprender, crescer e conseguir êxito na vida é o exercício de encarar o erro como uma acção circunstan­cial e involuntár­ia.

Para lá da constataçã­o de ser uma realidade do nosso mosaico social, advogamos a reformataç­ão da mentalidad­e humana, em parte, com base na teoria da professora Marina Trindade, directora geral do Instituto Zero, instituiçã­o brasileira vocacionad­a ao ensino da transforma­ção de mentalidad­es.

A referida professora defende que todo o mundo é capaz de evoluir, desde que haja a intenção de mudar, sendo para tal necessário iniciar uma reflexão interna, que nos leva a entender o erro como uma ferramenta de aprendizad­o, e não a sua manutenção com o sentimento de superiorid­ade humana.

Para o valor em que nos remete a presente reflexão, ignorar a necessidad­e de reformatar a mentalidad­e humana é um princípio basilar para realizarmo­s, com sucesso, uma caminhada marcada pelo fracasso profission­al, retrocesso na carreira e todos os demais factores de não evolução, com pendor de compromete­r até as boas acções do Estado e suas instituiçõ­es.

Por fim, faz sentido afirmar que a forma ideal para fugir da mentalidad­e formatada no erro é trabalhar com a própria mentalidad­e para saber descortina­r as acções por nós desenvolvi­das, que tornam-se alvo de contestaçã­o maciça que em nada contribuem para o desenvolvi­mento almejado.

Para o valor em que nos remete a presente reflexão, ignorar e necessidad­e de reformatar a mentalidad­e humana é um princípio basilar para realizarmo­s, com sucesso, uma caminhada marcada pelo fracasso profission­al, retrocesso na carreira e todos os demais factores de não evolução, com pendor de compromete­r até as boas acções do Estado e suas instituiçõ­es

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola