Jornal de Angola

ONU receia aumento de gravidez indesejada durante o confinamen­to

A agência especializ­ada da ONU diz que durante os seis meses de confinamen­to poderão surgir 33 milhões de casos adicionais de violência baseada no género

- André Sibi

O Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP), teme pelo aumento do número de gravidez indesejada no mundo, durante o período de confinamen­to, face à redução do acesso aos anticoncep­cionais, revela o relatório da agência da ONU, apresentad­o, ontem, em Luanda, no âmbito do Dia Mundial da População que se assinala hoje.

Se as medidas de confinamen­to continuare­m por mais seis meses, em todo o mundo, espera-se que mais de 40 milhões de mulheres, em países de renda baixa e média, possam ter acesso limitado aos anticontra­ceptivos modernos, o que poderá resultar em mais de sete milhões de gravidezes não planeadas, disse, ao Jornal

de Angola, a representa­nte do FNUAP em Angola, Florbela Fernandes.

O documento da ONU, apresentad­o, ontem, por vídeo-conferênci­a, ressalta que estes seis meses de confinamen­to, patente em todos os países do mundo, poderão também resultar no surgimento de 31 milhões de casos adicionais de violência baseada no género.

Florbela Fernandes, que cita o documento produzido pelo Fundo das Nações Unidas para a População, diz que nos próximos tempos, cerca de 200 milhões de mulheres e meninas poderão sofrer alguma forma de mutilação genital, enquanto que pelo menos 33 milhões de menores serão forçadas a se casar.

No relatório de 2020, o FNUAP informa que 140 milhões de raparigas, em todo o mundo, estão desapareci­das do seio familiar, por os pais preferirem mais os meninos, deixando as raparigas entregues à sua sorte.

Sob o lema: “Travando a Covid-19: Como proteger a saúde sexual e os direitos das mulheres e meninas agora”, o FNUAP apela para uma especial atenção a esta matéria, numa altura em que com a disseminaç­ão da pandemia, as medidas de confinamen­to adoptadas em todo o mundo estão a colocar em causa alguns progressos alcançados nos últimos anos.

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DR Representa­nte do FNUAP em Angola, Florbela Fernandes, à direita, alerta sobre as más práticas contra meninas e mulheres

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