ONU receia aumento de gravidez indesejada durante o confinamento
A agência especializada da ONU diz que durante os seis meses de confinamento poderão surgir 33 milhões de casos adicionais de violência baseada no género
O Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP), teme pelo aumento do número de gravidez indesejada no mundo, durante o período de confinamento, face à redução do acesso aos anticoncepcionais, revela o relatório da agência da ONU, apresentado, ontem, em Luanda, no âmbito do Dia Mundial da População que se assinala hoje.
Se as medidas de confinamento continuarem por mais seis meses, em todo o mundo, espera-se que mais de 40 milhões de mulheres, em países de renda baixa e média, possam ter acesso limitado aos anticontraceptivos modernos, o que poderá resultar em mais de sete milhões de gravidezes não planeadas, disse, ao Jornal
de Angola, a representante do FNUAP em Angola, Florbela Fernandes.
O documento da ONU, apresentado, ontem, por vídeo-conferência, ressalta que estes seis meses de confinamento, patente em todos os países do mundo, poderão também resultar no surgimento de 31 milhões de casos adicionais de violência baseada no género.
Florbela Fernandes, que cita o documento produzido pelo Fundo das Nações Unidas para a População, diz que nos próximos tempos, cerca de 200 milhões de mulheres e meninas poderão sofrer alguma forma de mutilação genital, enquanto que pelo menos 33 milhões de menores serão forçadas a se casar.
No relatório de 2020, o FNUAP informa que 140 milhões de raparigas, em todo o mundo, estão desaparecidas do seio familiar, por os pais preferirem mais os meninos, deixando as raparigas entregues à sua sorte.
Sob o lema: “Travando a Covid-19: Como proteger a saúde sexual e os direitos das mulheres e meninas agora”, o FNUAP apela para uma especial atenção a esta matéria, numa altura em que com a disseminação da pandemia, as medidas de confinamento adoptadas em todo o mundo estão a colocar em causa alguns progressos alcançados nos últimos anos.