Agente FIFA defende mudança na liderança
O agente FIFA e director executivo da Agência Gol de Classe, João Julião, defendeu, ontem, em Luanda, a mudança da actual direcção da Federação Angolana de Futebol (FAF), devido aos inúmeros problemas vividos na modalidade, com realce para o afastamento de todos os membros do Conselho Técnico Desportivo.
“Espero que o próximo presidente da FAF seja alguém que traga sangue novo, formado, com conhecimento e tenha uma equipa forte. Que seja líder, saiba e deixe trabalhar”, disse ao Jornal de Angola, contactado para falar sobre o actual momento do futebol, no quadro da propagação da pandemia da Covid-19.
Para João Julião, o futebol nacional está a rumar por caminhos menos bons, aguardando ansioso por dias melhores. “Acredito que será um ano de mudança, porque não estamos bem e algo tem de mudar. Temos de mudar a mentalidade de estar no futebol e organizarmo-nos melhor. Temos que ser mais concretos em tudo o que fizemos e prometemos. Isto é o que falta. Temos de saber definir as coisas”, destacou.
Questionado sobre o nível do futebol praticado no país, reconhece que a qualidade baixou, comparada às exibições dos atletas e equipas nos anos 80.
“Perdeu-se a qualidade que tínhamos. Esta fase não é boa. O futebol passou a ser uma autêntica desorganização. Temos de nos organizar melhor, e dar mais oportunidade ao produto nacional, para inverter esta marcha, antes que ela se torne crónica”, sublinha, preocupado com o actual estado.
João Julião identificou o problema do futebol nacional, e apontou como solução a aposta nos atletas e treinadores do país. “Falta acreditar nos jogadores e técnicos angolanos. Este é um dos maiores problemas. Se apostarmos mais no que é nosso, vamos conseguir superar esta fase menos boa, porque a cada dia que passa vai piorando”, conta o agente FIFA.
João Julião, 51 anos, nasceu em Luanda, é formado em gestão desportiva pela Confederação
Helvética (Suíça) de Futebol. Jogou futebol no Grupo Desportivo da Fata, em 1987. Depois migrou para o continente europeu, onde representou o Lecce (Itália). Em 2017, exerceu o cargo de director do FC La Chaux de Fonds (Suíça). Actualmente, ocupa a função de director executivo da Agência Gol de Classe e da marca de material desportivo Juvan, equipamento vestido pelo Progresso Sambizanga na edição passada do Campeonato Nacional de Futebol da I Divisão, Girabola’2019/2020.
Qualificação dos Palancas Negras
João Julião reconheceu que os Palancas Negras estão num grupo forte, na campanha de apuramento para a fase final da Taça de África das Nações (CAN), a ter lugar no próximo ano, nos Camarões.
Apesar de ocupar a última posição do Grupo D, sem pontuar, o director executivo da Agência Gol de Classe admite a possibilidade de a Selecção Nacional de Honras qualificar-se para a fase final da competição africana.
“Temos bons jogadores. A nossa selecção tem jogadores capazes. Estamos num grupo forte, mas o objectivo é fazer uma boa qualificação e excelente campanha”, disse bastante optimista, e acrescenta: “o futebol nacional tem qualidade, mas precisa imporse também no exterior, para ser respeitado no continente e não só”.
“Temos qualidade, mas poderíamos fazer mais e melhor. Não basta ter só qualidade nas competições internas, mas também no exterior. Temos de apostar nos jogadores angolanos com a intenção de chegarmos ao topo do futebol africano”, destaca, crente em dias melhores.
A Selecção Nacional de Honras procura a nona participação na fase final do CAN, depois da estreia em 1996, na África do Sul. Na edição passada, disputada no Egipto, Angola falhou o apuramento para a segunda fase, ao ocupar a terceira e penúltima posição do Grupo E, com dois pontos, atrás da Tunísia, no segundo, com três. O Mali foi o primeiro do grupo, com sete pontos, e a Mauritânia classificou-se na última posição, com dois.