Chefe de Estado dissolve o Tribunal Constitucional
O Presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keïta, anunciou a dissolução do Tribunal Constitucional, decisão interpretada pela imprensa local e pela AFP como uma tentativa de acalmar a agitação civil que provocou a morte de sete pessoas, no sábado.
O tribunal estava no centro da controvérsia depois de ter anulado os resultados provisórios das eleições parlamentares, em Março.
O Presidente, conhecido como IBK, anunciou, ainda, que admite repetir a votação em áreas do país onde os resultados ainda são contestados, mas crescem os pedidos para que renuncie ao cargo de Chefe de Estado.
Os opositores têm expressado nas ruas o descontentamento com a maneira como o Presidente da República lidou com o longo conflito jihadista no Mali, agravado pela crise económica e a disputa sobre o resultado das eleições.
A polícia terá feito cerca de uma centena de detenções durante os distúrbios, de acordo com o Primeiro-Ministro, Boubou Cissé, que foi reconduzido no cargo pelo Presidente em 11 de Junho. Observadores temem que os funerais desencadeiem novos confrontos.
O Chefe de Estado também reconheceu que os protestos de sábado criaram "fatalidades", mas disse não ter conhecimento de mais pormenores e que aguardará pela investigação em curso. Já o imã Mahmoud Dicko partilhou, ontem, um vídeo nas redes a apelar à calma junto dos seus simpatizantes, isto após dois dias de protestos sangrentos em Bamako.
Os malianos foram às urnas para escolher os novos membros do Parlamento em plena pandemia provocada pelo novo coronavírus, em 29 de Março, poucos dias depois de um líder da oposição ter sido raptado junto com membros da comitiva eleitoral. A afluência às urnas rondou apenas os 35 por cento.As mais recentes concessões de IBK surgem como uma resposta aos manifestantes.