Lição de Mandela pode ajudar o mundo a uma “luta mais justa”
Galardoado com o Prémio Nobel da Paz em Dezembro de 1993, pela sua luta contra o regime de segregação racial, Mandela nasceu em1918 e morreu em 2013
O Dia Internacional Nelson Mandela, que se assinala sábado, será uma oportunidade para o mundo se unir numa luta justa contra a Covid19 que não deixe ninguém para trás, defendeu ontem Rui Marques, um dos coordenadores das celebrações.
“Com os desafios da Covid-19, precisamos de dar uma resposta em que ninguém fique para trás” e o acesso à vacina e aos medicamentos seja para todos, ricos ou pobres, e preços justos, afirmou à Lusa o presidente do Instituto Padre António Vieira, que coordena o projecto da Academia de Líderes Ubuntu.
A academia promove no sábado - dia de aniversário do nascimento do líder sulafricano - o Mandela Bridges World E-Summit, que contará com a participação de três Prémios Nobel da Paz Ramos Horta, Muhammad Yunus e Kaylash Satyarthi e ainda Ndaba Mandela, neto de Mandela, entre outros oradores de relevo.
A iniciativa decorrerá online através da plataforma zoom, tendo em conta as condicionantes impostas pela pandemia da Covid-19, e reunirá líderes das Academias de Líderes Ubuntu e jovens de mais de 29 países com o objectivo de partilhar e homenagear o legado de paz, reconciliação e união de Nelson Mandela.
Um legado que, na opinião de Rui Marques, é mais actual que nunca devido à pandemia do novo coronavírus.
“Mandela estaria nesta luta, tal como esteve no combate à Sida”, disse o activista social, para quem a humanidade precisa do “sentido de justiça e de solidariedade de Nelson Mandela, e de construir pontes entre si”.
Acrescentou que “o legado de Mandela é profundamente actual para os nossos dias e deve ser um factor de inspiração e demonstração de que é possível ter esperança”.
“O combate ao racismo e à discriminação não terminou, nem com Mandela, nem com Obama, nos Estados Unidos. É um tema em que é necessário lutar, fazendo como Mandela, propondo uma via não violenta, com a capacidade de envolver todos nessa responsabilidade, na construção de uma sociedade mais justa em que o racismo não tenha lugar”. Transpondo o exemplo da luta de Mandela contra o apartheid na África do Sul para Portugal, Rui Marques disse a luta deve ser por uma sociedade mais justa, humana, inclusiva.
Portugal precisa de aprender, tal como Mandela ensinou, que “as grandes causas são complexas e exigem resiliência, uma capacidade de enfrentar a adversidade transformandoa numa oportunidade”.
E analisando o que é esperado num futuro próximo, tendo em conta as consequências da Covid-19, Rui Marques disse não ter dúvidas de que a crise social e económica só será ultrapassada se todos estiverem unidos.
Sobre a iniciativa de sábado, sublinhou a mobilização de 30 oradores, entre os quais três Prémios Nobel da Paz que irão “falar de temas da actualidade e apresentar propostas concretas”. Participarão os laureados com este galardão Muhammad Yunus, reconhecido internacionalmente pelo seu sistema revolucionário de microcrédito, KailashSatyarthi, defensor dos direitos da criança, o político timorense José Ramos-Horta.
Igualmente presentes virtualmente estarão John Carlin, autor do livro “Invictus O Triunfo de Mandela” que deu origem ao filme “Invictus” e PiyushiKotecha, directora da Fundação Desmond Tutu, assim como Reverend Harold Good, um dos principais mediadores do processo de paz na Irlanda do Norte e NoellenHeyzer, que trabalhou com Mandela no processo de paz no Burundi.
O objectivo é homenagear a “capacidade ímpar de Madiba (nome do clã Thembu, a que Mandela pertence) em construir pontes e em promover a reconciliação entre povos, para um mundo melhor”.
Galardoado com o Prémio Nobel da Paz em Dezembro de 1993, pela sua luta contra o regime de segregação racial, Mandela nasceu em1918 e morreu em 2013.
Condenado em 1964 a prisão perpétua, foi libertado em 1990, após uma forte pressão internacional. Foi Presidente da África do Sul entre 1994 e 1999.