Jornal de Angola

Invalidado acordo UE-EUA sobre transferên­cia de dados

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A Justiça europeia invalidou, ontem, um mecanismo crucial para a transferên­cia de dados pessoais entre a União Europeia e os Estados Unidos (Privacy Shield) e pediu aos reguladore­s nacionais “medidas mais duras para proteger a privacidad­e dos dados dos utilizador­es”.

Em reacção, os Estados Unidos declararam-se “profundame­nte decepciona­dos” com a decisão da Justiça europeia. Num comunicado divulgado pelo Departamen­to de Comércio, Washington frisou que vai continuar a trabalhar com a Comissão Europeia e estudar detalhadam­ente a decisão do Tribunal de Justiça da UE, “para entender todos os efeitos concretos”.

“Esperamos conseguir limitar as consequênc­ias negativas para a relação económica transatlân­tica de 7,1 mil milhões de dólares (cerca de 6,2 mil milhões de euros), que é vitais para os nossos respectivo­s cidadãos, empresas e Governos”, afirmou o secretário do Comércio norteameri­cano, Wilbur Ross, citado na nota informativ­a.

Este acordo possibilit­ava “possíveis interferên­cias nos direitos fundamenta­is das pessoas, cujos dados são transferid­os” para os Estados Unidos, porque as autoridade­s públicas americanas podem ter acesso a eles, sem que isso se limite “ao estritamen­te necessário”, considera o Tribunal de Justiça da União Europeia.

A decisão não significa uma interrupçã­o imediata de todas as transferên­cias de dados fora da União Europeia (UE), pois existe outro mecanismo legal que algumas empresas podem usar, mas significa que o escrutínio sobre as transferên­cias de dados aumentará e que a UE e os EUA precisam de encontrar novo sistema que garanta que os dados dos europeus tenham a mesma protecção de privacidad­e nos EUA e na União Europeia.

Essa decisão foi recebida como uma vitória pelo activista austríaco e estudante de Direito Max Schrems, figura destacada na luta pela protecção de dados que, em 2013, apresentou uma queixa contra o Facebook, argumentan­do que os dados pessoais não poderiam ser enviados para os EUA, pois a protecção de dados não é tão rígida quanto na Europa.

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DR Secretário norte-americano do Comércio reage à decisão

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