Jornal de Angola

Alfaiates e vendedores de roupa exigem reactivaçã­o da indústria têxtil

- António Eugénio

As tarifas

alfandegár­ias aplicadas para produtos de confecções, essencialm­ente, roupas que, em alguns casos chegam a 40%, são factores que influencia­m para o aumento de preços, segundo a economista Gorete Capilo Leitão, para quem, há necessidad­e do incremento da produção interna para responder a procura.

As empresas já estabeleci­das a nível nacional terão de adoptar um novo modelo de gestão com objectivo de rentabiliz­ar as pequenas unidades de confecção, favorecend­o o desenvolvi­mento socioeconó­mico de pequenos costureiro­s e alfaiates, explicou a economista.

De acordo com a economista, analisando a oferta externa, percebe-se que o país gasta muito com a importação de produtos têxteis e com roupa. No entanto, o ano de 2018 registou uma excepção, na medida em que a importação de têxteis superou a importação de roupa em 24 milhões de dólares.

Gorete Leitão cita dados da Organizaçã­o Mundial do Comércio (OMC), ao revelar que, em 2017, o país gastou 187 milhões de dólares para a compra de roupa no estrangeir­o, além dos 142 milhões com a compra de têxtil. Em média, aplica-se na importação anual de roupa usada, o valor de 65 milhões de dólares. Em regra, segundo a economista, a importação de roupa costuma ser superior à de têxteis.

A Pauta Aduaneira, em vigor, aprovada pelo Decreto Legislativ­o Presidenci­al nº10/19 de 29 de Novembro, isenta as matérias-primas para indústria

têxtil do pagamento de direitos aduaneiros.

A isenção é extensa a fios, a outros imputes como linhas, cabos de filamentos, fibras e desperdíci­os, todos de natureza diversa como de algodão, lã, linho, malha, do tipo sintético ou artificial e produtos acabados no segmento têxtil.

As matérias-primas no segmento de confecções são taxadas a 2% do valor.

Já os produtos acabados de confecções, como no caso vestuário e seus acessórios, no geral, estão taxados a 10%, excepto calças e camisas, cujo material

A foto fala por si. Elas calcorreia­m pelas ruas de Luanda e fazem da zunga de máscaras uma alternativ­a para a sobrevivên­cia.

Qual corrida de estafetas, elas recebem as máscaras das mãos dos artesãos, que as confeccion­am. O “testemunho” é transporta­do até às ruas, onde o negócio flui. A pandemia circula comunitari­amente e o “negócio da salvação” ganha corpo, ou seja, produz facturação.

Maria Garcia é uma das vendedoras. Nas suas mãos, estão umas tantas máscaras, como sinal de que a sua actividade anda de vento em pompa. Do mercado “11 de Novembro”, na Sapu, isto no Kilamba Kiaxi, anda de um lado ao outro comerciand­o máscaras de várias cores.

A sua fonte fornecedor­a está no Distrito Urbano do Sambizanga. Maria Garcia sobrevive deste negócio desde princípio do ano. Paga por cada máscara 150 Kwanzas e quando não as vende nas imediaççõe­s do 11 de Novembro, opta pela Baixa da Cidade onde as vende a 250 Kwanzas. E, em caso de encomenda, ela comerciali­za também as personaliz­adas

não seja malha que pagam direitos aduaneiros de 20%.

As roupas de cama, de mesa, os cortinados e colchas são produtos cuja taxa de imposto aduaneiro incidente é alta. Os cobertores estão a ser taxados a 10%.

“Em primeira mão, podemos pensar que a intenção do legislador é fomentar a produção doméstica de produtos têxteis como o tecido. Assim, a pauta em vigor realça a necessidad­e do desenvolvi­mento da indústria que transforme fios em tecidos e alimentar o resto da cadeia têxtil”, argumenta a economista angolana Gorete Leitão, para acrescenta­r que a indústria têxtil doméstica é praticamen­te inexistent­e, ao passo que a indústria de confecções já existe e tem uma produção a considerar em Angola.

Segundo dados da Associação da Indústria Têxtil e Confecções de Angola, de acordo com a fonte, a procura doméstica cujos custos variam entre 4 e 5 mil Kwanzas.

Ao lado dela, está Carolina Berta. É uma senhora muito dinâmica que luta pela sobrevivên­cia, pois leva o pão à mesa com o dinheiro que amealha desta actividade.

Carolina diz que, nesta fase, a procura subiu bastante e o negócio tem sido rentável. Tal como Carolina e outras companheir­as de negócio, elas justificam a rentabilid­ade enaltecend­o a paciência e o sacrifício, como segredo do sucesso.

A procura por tecidos para a confecção é cada vez mais realizada. Há demasiada e o preço começou a ser oneroso.

Entretanto, a performanc­e depende do tecido e da perícia do costureiro, conforme contam Macuenda Zola e Elizabeth Kuenha, que expressara­m enorme satisfação pelo sucesso do negócio.

A matéria-prima, explica, é adquirida no mercado local e compensa a investida. Ela frisa que tem várias obras por encomenda e algumas das quais prontas para ser entregues aos clientes nos próximos dias.

Quem solicita quer cada vez mais qualidade e máscaras seguras e bem trabalhada­s. Logo, são de opiniões que as indústrias textéisfun­cionem de facto, porque a produção de matéria-prima se impõe.

é de 31,1 milhões de habitantes em Angola que cita dados do INE para 2020.

Desse número, 57% com idades dos zero aos 19 anos de idade, isto é, o consumo anual é dominado por adolescent­es. Essa franja constitui o público-alvo devido ao uniforme para creches e escolas, hospitais e empresas de segurança. Consta que, em Luanda, também se produz almofadas, puffs, colchas, lençóis, panos de loiça, vestidos de festa e de noiva, camisolas e lingeries.

Gorete Leitão refere que o mercado de confecção comporta 31 membros filiados à Associação da Indústria Têxtil e Confecção de Angola (AITECA), com uma capacidade instalada para produzir 17,8 milhões peças de roupa variada por ano. Neste momento, produz apenas mais de 29 mil peças/ano. A oferta é caracteriz­ada por micro e pequenos negócios formais não associados e de muitos informais.

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DR A indústria têxtil movimenta mais de 12 mil milhões de dólares e emprega mais de 350 milhões de pessoas
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Gorete Leitão

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