Alfaiates e vendedores de roupa exigem reactivação da indústria têxtil
As tarifas
alfandegárias aplicadas para produtos de confecções, essencialmente, roupas que, em alguns casos chegam a 40%, são factores que influenciam para o aumento de preços, segundo a economista Gorete Capilo Leitão, para quem, há necessidade do incremento da produção interna para responder a procura.
As empresas já estabelecidas a nível nacional terão de adoptar um novo modelo de gestão com objectivo de rentabilizar as pequenas unidades de confecção, favorecendo o desenvolvimento socioeconómico de pequenos costureiros e alfaiates, explicou a economista.
De acordo com a economista, analisando a oferta externa, percebe-se que o país gasta muito com a importação de produtos têxteis e com roupa. No entanto, o ano de 2018 registou uma excepção, na medida em que a importação de têxteis superou a importação de roupa em 24 milhões de dólares.
Gorete Leitão cita dados da Organização Mundial do Comércio (OMC), ao revelar que, em 2017, o país gastou 187 milhões de dólares para a compra de roupa no estrangeiro, além dos 142 milhões com a compra de têxtil. Em média, aplica-se na importação anual de roupa usada, o valor de 65 milhões de dólares. Em regra, segundo a economista, a importação de roupa costuma ser superior à de têxteis.
A Pauta Aduaneira, em vigor, aprovada pelo Decreto Legislativo Presidencial nº10/19 de 29 de Novembro, isenta as matérias-primas para indústria
têxtil do pagamento de direitos aduaneiros.
A isenção é extensa a fios, a outros imputes como linhas, cabos de filamentos, fibras e desperdícios, todos de natureza diversa como de algodão, lã, linho, malha, do tipo sintético ou artificial e produtos acabados no segmento têxtil.
As matérias-primas no segmento de confecções são taxadas a 2% do valor.
Já os produtos acabados de confecções, como no caso vestuário e seus acessórios, no geral, estão taxados a 10%, excepto calças e camisas, cujo material
A foto fala por si. Elas calcorreiam pelas ruas de Luanda e fazem da zunga de máscaras uma alternativa para a sobrevivência.
Qual corrida de estafetas, elas recebem as máscaras das mãos dos artesãos, que as confeccionam. O “testemunho” é transportado até às ruas, onde o negócio flui. A pandemia circula comunitariamente e o “negócio da salvação” ganha corpo, ou seja, produz facturação.
Maria Garcia é uma das vendedoras. Nas suas mãos, estão umas tantas máscaras, como sinal de que a sua actividade anda de vento em pompa. Do mercado “11 de Novembro”, na Sapu, isto no Kilamba Kiaxi, anda de um lado ao outro comerciando máscaras de várias cores.
A sua fonte fornecedora está no Distrito Urbano do Sambizanga. Maria Garcia sobrevive deste negócio desde princípio do ano. Paga por cada máscara 150 Kwanzas e quando não as vende nas imediaçções do 11 de Novembro, opta pela Baixa da Cidade onde as vende a 250 Kwanzas. E, em caso de encomenda, ela comercializa também as personalizadas
não seja malha que pagam direitos aduaneiros de 20%.
As roupas de cama, de mesa, os cortinados e colchas são produtos cuja taxa de imposto aduaneiro incidente é alta. Os cobertores estão a ser taxados a 10%.
“Em primeira mão, podemos pensar que a intenção do legislador é fomentar a produção doméstica de produtos têxteis como o tecido. Assim, a pauta em vigor realça a necessidade do desenvolvimento da indústria que transforme fios em tecidos e alimentar o resto da cadeia têxtil”, argumenta a economista angolana Gorete Leitão, para acrescentar que a indústria têxtil doméstica é praticamente inexistente, ao passo que a indústria de confecções já existe e tem uma produção a considerar em Angola.
Segundo dados da Associação da Indústria Têxtil e Confecções de Angola, de acordo com a fonte, a procura doméstica cujos custos variam entre 4 e 5 mil Kwanzas.
Ao lado dela, está Carolina Berta. É uma senhora muito dinâmica que luta pela sobrevivência, pois leva o pão à mesa com o dinheiro que amealha desta actividade.
Carolina diz que, nesta fase, a procura subiu bastante e o negócio tem sido rentável. Tal como Carolina e outras companheiras de negócio, elas justificam a rentabilidade enaltecendo a paciência e o sacrifício, como segredo do sucesso.
A procura por tecidos para a confecção é cada vez mais realizada. Há demasiada e o preço começou a ser oneroso.
Entretanto, a performance depende do tecido e da perícia do costureiro, conforme contam Macuenda Zola e Elizabeth Kuenha, que expressaram enorme satisfação pelo sucesso do negócio.
A matéria-prima, explica, é adquirida no mercado local e compensa a investida. Ela frisa que tem várias obras por encomenda e algumas das quais prontas para ser entregues aos clientes nos próximos dias.
Quem solicita quer cada vez mais qualidade e máscaras seguras e bem trabalhadas. Logo, são de opiniões que as indústrias textéisfuncionem de facto, porque a produção de matéria-prima se impõe.
é de 31,1 milhões de habitantes em Angola que cita dados do INE para 2020.
Desse número, 57% com idades dos zero aos 19 anos de idade, isto é, o consumo anual é dominado por adolescentes. Essa franja constitui o público-alvo devido ao uniforme para creches e escolas, hospitais e empresas de segurança. Consta que, em Luanda, também se produz almofadas, puffs, colchas, lençóis, panos de loiça, vestidos de festa e de noiva, camisolas e lingeries.
Gorete Leitão refere que o mercado de confecção comporta 31 membros filiados à Associação da Indústria Têxtil e Confecção de Angola (AITECA), com uma capacidade instalada para produzir 17,8 milhões peças de roupa variada por ano. Neste momento, produz apenas mais de 29 mil peças/ano. A oferta é caracterizada por micro e pequenos negócios formais não associados e de muitos informais.