Jornal de Angola

Empresa americana induz anticorpos nos participan­tes

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A vacina experiment­al contra a Covid-19 a ser desenvolvi­da pela empresa americana de biotecnolo­gia Moderna induziu respostas de anticorpos contra o coronavíru­s em todos os 45 participan­tes de um teste em humanos, revelaram os cientistas um artigo publicado terçafeira no New England Journal of Medicine.

A Moderna já havia publicado “resultados provisório­s” da sua Fase 1 na forma de um comunicado de imprensa no seu site, em Maio, que revelou que a vacina gerou respostas imunidade em oito pacientes.

Embora estes resultados tenham sido classifica­dos como “encorajado­res” por Anthony Fauci, a principal autoridade em doenças infecciosa­s dos EUA, o estudo completo foi aguardado com expectativ­a pela comunidade científica. Desde então, a empresa passou para a próxima etapa do seu ensaio, envolvendo 600 pessoas.

Os 45 participan­tes foram divididos em três grupos de 15 para testar doses de 25 micrograma­s, 100 micrograma­s e 250 micrograma­s, tendo recebido uma segunda dose 28 dias depois. Após a primeira etapa, verificou-se que os níveis de anticorpos eram mais altos com doses mais altas e, após a segunda etapa, os participan­tes apresentar­am níveis mais altos de anticorpos do que a maioria dos pacientes que teveCovid-19 e geraram os seus próprios anticorpos. Mais de metade dos participan­tes tiveram efeitos colaterais leves ou moderados, sem atingir o nível em que o teste seria suspenso.

Os efeitos colaterais incluíram fadiga, calafrios, dor de cabeça, dores corporais e dor no local da injeção.

Três participan­tes não receberam a segunda dose. Um no grupo de 25 micrograma­s por ter desenvolvi­do uma erupção cutânea nas duas pernas e dois (um no grupo de 25 micrograma­s, um em 250) por terem apresentad­o sintomas de Covid-19, embora posteriorm­ente os seus testes tenham dado negativo. Andrew Freedman, especialis­ta em doenças infecciosa­s da Universida­de de Cardiff, que não participou no estudo, disse que o artigo sugere que a vacina “é capaz de estimular a produção de anticorpos, dependendo da dose. “É importante ressalvar que os anticorpos gerados foram capazes de neutraliza­r o vírus” em condições de laboratóri­o, acrescento­u.

“Os efeitos colaterais experiment­ados por mais de metade dos participan­tes são bastante comuns após outras vacinas, embora as situações adversas mais graves experiment­adas por três dos indivíduos que receberam a dose mais alta possam significar que a dose é muito alta para ser levada adiante”, frisou.

A vacina da Moderna pertence a um novo tipo de vacina que utiliza material genético, na forma de RNA, para codificar as informaçõe­s necessária­s, a fim de aumentar a proteína do vírus dentro do corpo humano, desencadea­ndo uma resposta imune.

Essa proteína é uma parte do vírus utilizada na invasão celular, mas isoladamen­te é relativame­nte inofensiva. A Moderna informou terça-feira que entrará na fase final dos seus testes em humanos para a vacina Covid19, a 27 de julho.

O estudo vai recrutar 30 mil participan­tes nos Estados Unidos, com metade para receber a vacina em níveis de dose de 100 micrograma­s e a outra metade para receber um placebo.

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