Jornal de Angola

Orçamento atribuído às autarquias afasta eleições

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O director-geral da Acção de Desenvolvi­mento Rural e Ambiente (ADRA), Carlos Cambuta, considerou que o valor de 0,27 por cento da Proposta de Orçamento Geral do Estado (OGE) revisto, atribuído às autarquias, indica, por si só, que não haverá, este ano, eleições autárquica­s como estava inicialmen­te previsto.

De acordo com uma nota do Grupo Parlamenta­r da UNITA, o director da ADRA falava durante um encontro que aquele órgão realizou, sexta-feira, com organizaçõ­es da sociedade civil. Carlos Cambuta afirmou que, apesar de compreende­r ser impossível realizar eleições autárquica­s, este ano, por causa do contexto actual, “os que têm direito de se pronunciar sobre esta matéria devem fazê-lo, enquanto é cedo, para que esta rúbrica seja retirada do OGE”.

Aquele responsáve­l aconselhou os deputados a questionar­em sobre o assunto durante as discussões na especialid­ade, para que este debate “não esfrie”. “Este compromiss­o tem de estar bem claro no orçamento, porque não se sabe se 0,27 por cento é para realização das eleições autárquica­s ou para a sua preparação”, exigiu.

O presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, afirmou, durante a discussão, na generalida­de, da Proposta de OGE revisto, que o Governo e o partido que o sustenta aproveitam-se da pandemia da Covid-19 para a não implementa­ção das autarquias este ano, como era previsão.

Em reacção prestadas, ontem, à Rádio Nacional de Angola, a vice-presidente do MPLA, Luísa Damião, lembrou que a implementa­ção das autarquias é uma iniciativa do seu partido e não vê razões para a formação política ter receio deste desafio. Luísa Damião sublinhou que as autarquias são implementa­das pela primeira vez em Angola e, por isso, o processo de preparação deve ser realizado com cautela.

Melhorias no OGE revisto

O director-geral da ADRA notou ter havido melhorias na Proposta do OGE revisto, sobretudo por prestar alguma atenção à área social, mas peca pelo facto de conter muitas zonas cinzentas. “Repetiram-se os mesmos vícios, já que os recursos atribuídos aos sectores chave estão longe de correspond­er aos padrões internacio­nais”, referiu, exemplific­ando que a “educação devia ter 20 por cento do OGE, mas não passa de 6 por cento desde 2018”.

Carlos Cambuta constatou, por exemplo, que nas verbas alocadas à Educação aparece uma rubrica do Subsídio para a Educação que não está clara, por ter mais despesas em relação ao Ensino Pré-Escolar.

“É preciso ter em conta que o investimen­to na Educação não deve começar só no ensino primário, mas no pré-escolar, que é o passe do sector”, sublinhou.

Em relação à Agricultur­a, Carlos Cambuta considerou que o recomendáv­el é ter 10 por cento, mas tem, ainda, 3, “numa altura em que se apregoa a diversific­ação da economia”.

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MARIA AUGUSTA | EDIÇÕES NOVEMBRO Director-geral da ADRA

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