1. Digitação e transmissão de dados
Os sistemas para se registar
mortes de Covid-19 foram montados especialmente para a pandemia, sem haver uma padronização entre prefeituras e Estados de como colectar os dados.
Antes da Covid-19, já havia algumas ferramentas para ajudar o Brasil a entender o quão grave é o quadro de doenças respiratórias no país, como o Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (SivepGripe), do Ministério da Saúde, e o InfoGripe, da Fiocruz. Mas esses sistemas trabalham de forma agregada com os dados, sem conseguir discriminar com precisão quais os casos estão ligados à Covid-19.
Os números da Covid-19 que estão sendo noticiados diariamente nos portais oficiais são compilados através de um “telefone sem fio”. Diariamente as prefeituras entram em contacto com hospitais, postos de saúde e clínicas para perguntar sobre o número de casos e mortos em cada lugar. Esses dados são compilados e repassados aos governos estaduais, que agregam os números de todos os municípios e os enviam ao Ministério da Saúde.
Já houve episódios em que o Governo federal precisou corrigir dados devido a erros de digitação. E não há nenhuma garantia de que os números oficiais divulgados actualmente não tenham falhas de digitação que ainda não foram detectadas.
Também existe um atraso nesse telefone sem fio. Um pesquisador disse à BBC News Brasil que os números nacionais que estamos vendo em um determinado dia provavelmente são compilações de dias anteriores que só chegaram à ponta de cima do sistema.