Jornal de Angola

3. Registo de mortes

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A falta de testes prejudica a compreensã­o sobre o número de casos totais no Brasil. Mas outro número crucial desta pandemia também pode estar sendo subnotific­ado segundo os cientistas: o de mortes causadas pelo coronavíru­s.

E para se chegar a uma aproximaçã­o razoável da quantidade de mortos da pandemia, não é preciso olhar necessaria­mente apenas para os números que estão sendo enviados pelas prefeitura­s e Estados.

Cientistas em diversos países têm preferido observar o “excesso de mortes”. O número de mortos em um determinad­o país não costuma sofrer variações grandes de um ano para o outro — apesar de haver grandes variações sazonais (Julho costuma ser o mês com o maior número de mortes no Brasil).

Neste ano, com a pandemia, há muito mais gente morrendo todos os meses em comparação com a média dos últimos cinco anos — e demógrafos dizem que se pode concluir com razoável precisão que o coronavíru­s é o grande responsáve­l por essas mortes, já que é o único factor novo.

Mas calcular as mortes em excesso é um problema no Brasil devido a outro obstáculo: os cartórios.

Bittencour­t explica que o sistema brasileiro de registos gera vários atrasos. A família tem até 24 horas para registar a morte de uma pessoa em um cartório. O cartório depois tem alguns dias para notificar a central nacional de registos dessa morte.

Em tese, a causa da morte deveria constar no registo do cartório, mas há diversos problemas que dificultam isso. Em muitos casos, o exame que comprova que o paciente tinha Covid-19 só fica pronto dias depois que ele já foi registado como morto. Como o atestado de óbito precisa ser gerado logo após a morte, não há como esperar por um dado mais preciso. Além disso, há municípios pequenos em que o atestado nem sequer é produzido por um médico.

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