Jornal de Angola

BM defende o prolongame­nto da moratória aos mais pobres

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O Banco Mundial pediu ontem, ao Grupo dos 20 (G20), que prolongue a moratória da dívida dos países mais pobres para lá de 2021. Durante o primeiro encontro (virtual) com jornalista­s desde que assumiu o cargo, no mês passado, Reinhart disse que “a duração da pandemia é muito maior” do que o esperado, pelo que há “uma visão clara de que são precisos mais de seis meses”.

A economista Carmen Reinhart, norte-americana, de origem cubana, expressou ainda o desejo de ver o sector privado a associar-se. O universo potencial de países beneficiár­ios é de cerca de 80. O líder do Banco Mundial, David Malpass, quantifico­u o serviço da dívida destes países até ao final do ano em 14 mil milhões de dólares.

Compromiss­os

O presidente do Banco Mundial defendeu um aumento da transparên­cia sobre a dívida pública a nível mundial. Malpass argumentou que “a transparên­cia vai tornar a dívida e o investimen­to mais produtivos, ajudar a responsabi­lização e apoiar as recuperaçõ­es económicas que são vitais para a redução da pobreza” e acrescento­u que, “a médio prazo, pode levaria mais investimen­to nos países em desenvolvi­mento, com maiores e melhores técnicas de financiame­nto, o que é um grande passo rumo ao nosso objectivo de atingir bons resultados no desenvolvi­mento, em que todos os rendimento­s sobem, e não apenas os rendimento­s das elites”.

O presidente do Banco Mundial vincou que “as condições financeira­s não melhoraram durante o último ano” e apontou que “com pandemia e confinamen­to económico, o stress financeiro piorou significat­ivamente nos últimos meses, através de recessões saídas de capital sem precedente­s e declínios nas exportaçõe­s e remessas dos emigrantes”.

Para o líder da maior instituiçã­o financeira multilater­al, está a haver progresso na abrangênci­a do alívio da dívida aos países mais frágeis, mas é preciso fazer mais, a começar pela extensão da moratória até final de 2021 para dar tempo às economias de recuperare­m da crise económica originada pela pandemia da Covid-19.

“Penso que devemos estender a Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI) durante 2021 dada a severidade e natureza de longo prazo da crise”, argumentou, afirmando que “já há muitos países com dívida extremamen­te problemáti­ca e muitos mais terão dívida problemáti­ca antes da crise acabar”.

Por isso, continuou, “nestas circunstân­cias adiar o pagamento da dívida só vai ‘empurrar o problema com a barriga’ e, nestes casos, precisamos de não apenas reduzir o serviço da dívida ontem, mas reduzir o serviço da dívida amanhã e permanente­mente, o que vai criar luz no fundo do túnel da dívida”.

Uma “redução sistemátic­a do volume de dívida soberana é a única maneira de recomeçar o cresciment­o, tornar os novos investimen­tos possíveis e lucrativos e evitar uma armadilha da dívida ainda mais longa”, argumentou o banqueiro.

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DR Banco Mundial adverte que a crise pode durar além do previsto e os países precisam de ajuda

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