Jornal de Angola

Campeã africana há 31 anos

- Vivaldo Eduardo e Teresa Luís

Uma conquista transforma­da em imagem de marca por distintas gerações de andebolist­as e treinadore­s. Ainda sem um médico a integrar a equipa técnica, os cuidados de saúde do grupo estiveram a cargo da fisioterap­euta Maria Augusta. “Tia Gugú”, como era chamada pelas jogadoras, que foi uma das heroínas incógnitas que a partir dos bastidores deu lustro ao brilho das estrelas

Um torneio em Moçambique e dois longos estágios (um na antiga União das Repúblicas Socialista­s Soviéticas e outro na localidade portuguesa de Vila Nova de Gaia) marcaram o início da caminhada vitoriosa de Angola no CAN de Andebol feminino, na final disputada a 21 de Julho do longínquo ano de 1989, em Argel.

A vitória do Ferroviári­o de Luanda, na Taça dos Clubes Campeões, dois anos antes, em Owerri, Nigéria, foi um sinal claro da ascensão competitiv­a do "sete" nacional que, depois do CAN de 1985, em Luanda, saiu definitiva­mente de mero animador da prova, assumindo - se como sério competidor, até chegar ao papel de principal protagonis­ta no Continente.

O Jornal de Angola revive hoje a “odisseia” das senhoras que encheram a nação de orgulho, num exemplo de superação sem precedente­s. Ícones do desporto nacional, como Elisa Webba “Lili”, Maura Faial , Graça Bandeira, Carla Silva entre outras, contam na primeira pessoa como foi possível sair da cauda das competiçõe­s africanas e atingir o topo.

Por conta da emoção, ou porque algumas recordaçõe­s se foram esbatendo pela acção inexorável do tempo, não há concordânc­ia nos relatos de todos protagonis­tas, pelo que nos retratamos antecipada­mente, por eventuais imprecisõe­s. Ainda assim, a proeza está bem viva na mente das heroínas e os lapsos de memória vêm apenas provar a premência de relatar para a posteridad­e essa importante conquista.

A vitória sobre a Costa do Marfim por 20-18, na final, inaugurou um percurso dourado que relegou a segundo plano quer as costa marfinense­s quer as congolesas, que detinham a hegemonia da disciplina na época.

Os protagonis­tas

A caravana que regressou de ouro ao peito partiu de Vila Nova de Gaia com o então secretário- geral, Mário Rosa de Almeida, como chefe de delegação. O presidente da Federação, José Cardoso de Lima, esteve em Argel, mas não pode permanecer no palco da competição até ao final da mesma, por imperativo­s de ordem profession­al.

Juca Figueiredo “ti” Juca, esteve igualmente à frente das delegações masculina e feminina de Angola, desempenha­ndo funções ao nível da Confederaç­ão Africana de Andebol CAHB.

Beto Ferreira e Fernando Moreira (já falecido) dirigiram tecnicamen­te o combinado nacional. Estava sob sua responsabi­lidade a obrigação de provar que a vitória do Ferroviári­o, em Owerri, dois anos antes na Taça dos Clubes Campeões, fora um sinal consistent­e da progressão das jogadoras.

Rivalidade clubística à parte, ambos treinadore­s sabiam que, embora a vitória do clube Ferroviári­o,tivesse sido significat­iva, era da selecção que mais se esperava.

Sem um médico na equipa técnica, os cuidados de saúde do grupo ficram a cargo da fisioterap­euta Maria Augusta. “Tia Gugú”, como era chamada pelas jogadoras, foi uma das heroínas incógnitas que a partir dos bastidores deu lustro ao brilho das estrelas.

Antigo praticante da modalidade no Inter de Luanda, Gabriel Armando Deolinda “Gabi” guardou muitos dados e imagens históricas que hoje apresentam­os.Estatístic­o de confiança dos treinadore­s, colectava os dados de forma rudimentar, mas eficaz para a época, lançando informaçõe­s que influencia­vam o rumo da orientação técnica dos jogos.

Defenderam a baliza da selecção Bernardeth Rodrigues “Bida” e Elisa Peres, com a mais jovem Luzia Umba “Belita” de reserva. Mais a frente, Balbina Ceita “Bininha” e Esperança Domingos “Panchita” actuaram na ponta es-querda, enquanto Ana Paula Silva e Carla Silva estavam escaladas para a ponta direita.

Como pivôs representa­ram a selecção Elisa Webba “Lili” e Liliana Mesquita, aliando a juventude da primeira à veterania da segunda. Angola contou com uma primeira linha de luxo com Beatriz Ceita “Bibia” e Graça Bandeira ao centro. Palmira Barbosa “Mirita”, Fábia Raposo, Luzia Bezerra “Prazeres”, Luísa Dias “Luizinha”(falecida) e Maura Faial desfilaram nas alas.

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Fábia Raposo marcando mais um golo pela Selecção Nacional

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