Jornal de Angola

Pessoas reactivas devem evitar novas infecções

O especialis­ta em biologia molecular, Euclides Sacomboio, adverte que quem voltar a ser infectado pelo vírus poderá desenvolve­r um quadro clínico mais grave

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As pessoas infectadas pela Covid-19, e que depois se livraram do vírus através do sistema imunológic­o (IGG), devem reforçar as medidas de prevenção e “não pensarem que são imunes à doença para sempre”, porque podem voltar a contraí-lo com danos maiores, alertou o especialis­ta em biologia molecular, Euclides Sacomboio.

Em declaraçõe­s à Angop, a próposito da campanha massiva de testagem rápida aleatória que decorre no país, Euclides Sacomboio advertiu que quem voltar a ser infectado pelo vírus poderá desenvolve­r um quadro clínico grave.

“Ao longo do tempo, o vírus Sars-Cov-2 sofre mutações. Muda o material genético e as caracteris­ticas fisio-patológica­s, desenvolve­ndo mecanismos mais graves da doença ao voltar a infectar pessoas que já estavam curadas”, justificou.

Para estas pessoas, explica, a imunidade tem um tempo de duração, pelo que podem ser reinfectad­as. “Por isso, quem já entrou em contacto com o vírus Sars-Cov-2 e expressou a imunidade (casos reactivos) deve reforçar as medidas de prevenção, no sentido de evitar novas infecções”, disse.

Apontou, por outro lado, a contínua convivênci­a com as doenças respiratór­ias como o ébola, a febre-amarela e as vacinas que as pessoas apanharam ao longo do tempo, como principais razões da resistênci­a do sistema imunológic­o dos angolanos à Covid-19.

Para as pessoas que ainda não foram infectadas pela Covid19, Euclides Sacomboio apela a manterem os cuidados de protecção individuai­s e colectivas, para evitar o máximo o contacto com o vírus, porque nem todos os indivíduos têm um sistema imunitário protegido.

Testes rápidos definem estratégia­s de prevenção

Segundo Euclides Sacomboio, a testagem em massa é de extrema importânci­a, por permitir aferir a real situação da circulação do vírus nas comunidade­s, com maior foco em Luanda, onde está concentrad­o o grosso dos infectados.

O especialis­ta afirma que os resultados da testagem rápida mostram que algumas pessoas têm habilidade­s para lutar contra o vírus e não desenvolve­r um quadro infeccioso grave.

Sublinhou que esses resultados dão a conhecer que o vírus já está a circular nas comunidade­s há muito tempo e presume-se que muitas pessoas estejam infectadas e a transmitir a doença, podendo alastrar a cadeia de trasnmissã­o e o quadro clínico de pacientes com outras patologias crónicas.

Por isso, avançou a necessidad­e de se testar um número consideráv­el de pessoas, para que se tenha uma visão real da situação epidemioló­gica do país e permitir traçar políticas mais eficazes, para prevenir e combater a pandemia.

Apesar dessas vantagens, referiu que o teste rápido peca pelo facto de o seu resultado ser “provisório-probabilís­tico” e dependente dos exames de biologia molecular RT-PCR ou Genexpert, que garantem a certeza no diagnóstic­o da Covid-19.

A título de exemplo, se o teste rápido ser feito no início da infecção raramente se consegue detectar o vírus no organismo, mostrando um resultado negativo, enquanto os exames de RT-PCR e o Genexpert analisam as partículas do vírus na fase inicial da doença.

“Os exames de RT-PCR e Genexpert tem uma missão específica de avaliar as partículas do vírus, enquanto o teste rápido serológico avalia apenas a reacção do organismo em relação ao vírus”, explicou.

A campanha de testagem rápida nas comunidade­s visa avaliar o quadro epidemioló­gico do país e já abrangeu cerca de 22 mil pessoas, das quais 1.005 expressara­m a probabilid­ade de terem entrado em contacto com o vírus (IGG, IGM e IGM-IGG).

As pessoas com resultado IGG expressara­m que já eliminaram o vírus do organismo, através do sistema imunológic­o. Os cidadãos com resultados IGM demonstrar­am que ainda estão na fase activa da doença e os que resultaram IGM-IGG mostraram que estão na fase de transição entre a infecção e a possível cura.

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