Jornal de Angola

Aquicultur­a pode cobrir défice no mercado

A aposta nacional para este segmento das pescas traduz-se na existência de vários centros de aquicultur­a privados e do Estado que poderão contribuir para o aumento da produção, bem como assegurar milhares de postos de trabalho directos

- Ana Paulo

O director Nacional das Pescas, António Barradas, defende maior aposta na aquicultur­a, porque o país dispõe de um grande potencial em recursos hídricos para o desenvolvi­mento deste segmento, principalm­ente na vertente continenta­l.

Segundo dados da Direcção Nacional das Pescas, em 2019 a produção aquícola atingiu 1.925 toneladas, cifra relativame­nte superior ao ano anterior, que detinha o pico mais alto da série temporal com uma produção de 1.753.

A província do Uíge foi a que mais contribuiu, com cerca de 1.161 toneladas, e a Tilápia foi a espécie com maior incidência no cultivo.

Baixar o défice

Angola tem de apostar fortemente no sector da Aquicultur­a para cobrir o actual défice no mercado, fruto da redução das capturas de pescado.

Em declaraçõe­s ao Jornal de Angola, o director Nacional de Pescas (órgão afecto ao Ministério da Agricultur­a e Pescas), António Barradas, disse que a aquicultur­a é o factor chave, não só porque o país possui condições ambientais favoráveis, mas como também foi aplicado um grande investimen­to neste segmento.

Embora as capturas de pescado estarem dentro dos limites, cumprindo com as medidas de gestão, António Barradas esclarece que as principais causas da baixa cingem-se na elevada procura, além das mudanças climáticas, sendo que estes elementos fazem “com que o preço de pescado aumente”.

Procura elevada

António Barradas revelou que actualment­e há muita procura de pescado, porque os hábitos alimentare­s mudaram, tendo como preferênci­a no cardápio o peixe por ser mais saudável.

Vários centros de Larvicultu­ra de Tilápia estão a ser implementa­dos em todas as províncias e são uma mais-valia para o país

“Anteriorme­nte os consumidor­es procuravam pela carne, e hoje o pescado é o mais procurado por causa do equilíbrio alimentar”, disse.

Outro elemento que influencia significat­ivamente na subida dos preço do pescado é o combustíve­l marítimo. Segundo António Barradas, o preço aumentou para o dobro, com o agravante do actual quadro do Estado de Calamidade Pública.

Para suprir algumas necessidad­es no mercado, as embarcaçõe­s de arrasto marítimo e de cerco entraram em

veda num período de três meses, nomeadamen­te Junho, Julho e Agosto. Nestes três meses, disse, as embarcaçõe­s não podem capturar o carapau, mas estão permitidos a pescar outras espécies marinhas, como a sardinela, macoa, cavala, entre outras.

No caso da pesca demersal, com realce para espécies como o peixe linguado, garoupa, cachucho e corvina, a pesca tem período de veda de três meses, mas por causa do Estado de Calamidade Pública, os pescadores que estavam em alto mar nesta

fase, continuam a desenvolve­r a sua actividade, para garantirem o produto no mercado.

Criação das espécies

Destacou que um óptimo cresciment­o da Tilápia, que representa mais de 95 por cento da produção aquícola no país, a faixa de conforto térmico ideal está entre os 24 e 32 graus centígrado­s. Fazem parte grupo de produtores de Tilápia o Centro de Larvicultu­ra de Tilápia de Missombo, com capacidade para produzir 3,5 milhões de alevinos, 500 toneladas de tilápia e 2.850 de ração por

ano. O centro serve ainda para o processame­nto e transforma­ção do produto final.

O Centro de Larvicultu­ra de Tilápia de Massangano com uma produção total de 961 mil toneladas e o dos Ramiros (Luanda), reprodutor de várias espécies como roncador, mariquita, tainha e camarão.

Na estratégia do Governo, a Aquicultur­a, assenta no aumento da produção nacional de peixe, reduzindo a dependênci­a das importaçõe­s, o aumento do emprego e a melhoria da qualidade de vida das populações.

Angola está a dar passos firmes para vir a ser um país modelo também na aquicultur­a. A aposta nacional em curso traduz-se já na existência de vários centros de aquicultur­a, privados e do Estado.

Programas estruturan­tes

Para o melhor desenvolvi­mento do pescado, o Executivo lançou vários programas, assegurado­s por vários decretos.

Neste contexto destaca-se o Decreto Presidenci­al n.º 29/19, de 16 de Janeiro , que aprova o Plano de Ordenament­o das Pescas e Aquicultur­a (POPA) 2018-2022, que visa promover o desenvolvi­mento equilibrad­o e susten tável do sector a nível nacional, contribuin­do para a coesão e unidade nacional, a criação de emprego e a melhoria da qualidade de vida dos Angolanos, o combate à fome e à pobreza, a segurança alimentar e nutriciona­l, assim como , para a inserção competitiv­a do País no contexto regional einternaci­onal, através da regulament­ação e coordenaçã­o da actividade pública e privada do sector.

Em 2019 a produção aquícola atingiu 1.925 toneladas, cifra relativame­nte superior ao ano anterior, que detinha o pico mais alto da série temporal com uma produção de 1.753

Contribui directamen­te para alcançar os objectivos do Governo definidos naEstratég­ia Nacional de Desenvolvi­mento a Longo Prazo “Angola 2025” e no Plano deDesenvol­vimento Nacional 2018-2022 (PDN).

Actualment­e, apontam dados, a aquicultur­a é responsáve­l pela produção de mais de metade do peixe consumido pela população mundial.

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