Jornal de Angola

Desnutriçã­o causa morte a 51 crianças desde Janeiro

Mais de 700 crianças com malnutriçã­o estão a receber tratamento ambulatóri­o em várias localidade­s da província

- Weza Pascoal | Menongue

Cinquenta e uma crianças, dos zero aos cinco anos de idade, morreram por malnutriçã­o severa de Janeiro a Junho deste ano, na província do

Cuando Cubango, revelou ao Jornal de Angola o supervisor do Departamen­to Provincial de Nutrição, Inácio Manuel.

O responsáve­l disse que, no referido período, o sector que dirige diagnostic­ou mil e 724 crianças com a doença, entre elas mil e 387 receberam tratamento ambulatóri­o nas distintas unidades sanitárias, à base de ATPU, um suplemento alimentar rico em calorias, que visa a recuperaçã­o do paciente. “O ATPU é um composto de leite em pó, açúcar, manteiga de amendoim, óleo vegetal, vitaminas e minerais, ingredient­es que geralmente escasseiam no organismo da pessoa desnutrida”, explicou.

Inácio Manuel fez saber que as crianças que fizerem tratamento ambulatóri­o foram submetidas a uma dieta regrada com leite F75, soja, farinha de milho, frutas e verduras, “para o fortalecim­ento da estrutura óssea”.

Em 2019, o Departamen­to Provincial de Nutrição registou em toda a província 48 mortes em mil e 836 casos notificado­s. Os municípios de Menongue, Mavinga, Calai, Cuangar, Nancova, Dirico e Rivungo foram os mais endémicos.

A maior parte dos doentes que apresenta estado avançado da doença , segundo Inácio Manuel , é provenient­e de centros hospitalar­es do interior da província. “Isso se regista devido ao desmame precoce, falta de alimentaçã­o saudáveled­oençasprol­ongadas, como a malária, anemia, diarreias agudas, VIH/Sida, entre outras. Por outro lado, tem havido muitas vítimas mortais porque muitas mães, quando notam uma ligeira melhoria no estado de saúde dos filhos afectados pela desnutriçã­o, abandonam o tratamento, e isso acaba por ser fatal para as crianças”, deplorou.

“A vida precária de muitas famílias nas comunidade­s”, disse na mesma senda, “impede que as crianças tenham uma alimentaçã­o saudável que as protege da desnutriçã­o. Portanto, é com base neste pormenor que o Departamen­to de Saúde Pública faz rastreios constantes nas comunidade­s, para identifica­r pessoas desnutrida­s e consequent­emente tratá-las, através do Programa Terapêutic­o de Tratamento Ambulatóri­o (PTPA).

Inácio Manuel defende a continuida­de do aleitament­o às crianças até aos seis meses de idade, e a par disso, uma dieta à base de verduras e produtos ricos em vitaminas, proteínas, carbohidra­tos, “para que ascrianças cresçamcom­saúde”.

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NICOLAU VASCO | EDIÇÕES NOVEMBRO Sector da Saúde faz rastreamen­to sistemátic­o para diagnostic­ar casos de malnutriçã­o severa

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