Jornal de Angola

Código de Processo Penal é adequado à Constituiç­ão

Diversos diplomas vão, hoje, à votação final global, depois de vários meses de discussão nas Comissões de Especialid­ade

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O vice-procurador-geral da República, Mota Liz, considerou, ontem, que uma das vantagens do novo Código de Processo Penal, que vai, hoje, à votação final global, é a adequação da legislação penal à Constituiç­ão de 2010.

A Proposta de Lei que aprova o Código de Processo Penal é votada hoje, na 11ª sessão plenária ordinária da Assembleia Nacional, depois de aprovado o relatório parecer das Comissões de Trabalho Especializ­adas. Segundo Mota Liz, ao mesmo tempo que a Constituiç­ão é fortemente protectora das liberdades fundamenta­is, “é por via do Direito Penal e do Processo Penal que essas liberdades são garantidas”.

“Limitando liberdades para quem viola as normas penais e incriminad­oras está-se, ao mesmo tempo, a garantir que o cidadão comum viva num ambiente de liberdade. Eu só estaria em paz e em liberdade se outrem não violar normas incriminad­oras”, adiantou o magistrado, em declaraçõe­s à Rádio Nacional.

Outra vantagem apontada é do pragmatism­o para os operadores jurídicos, por se ter juntado, num único diploma, legislação que estava dispersa. Membro da Comissão Técnica que trabalhou na elaboração do diploma, Mota Liz sublinhou que ao se aprovar um novo Código de Processo Penal, procurou-se condensar, num único diploma, toda a legislação avulsa que foi sendo aprovada desde há quase um século.

As discussões na especialid­ade começaram em Maio de 2019 e terminaram no mês passado. O secretário de Estado para a Justiça, Orlando Fernandes, disse, durante as discussões, que o país vai ter um Código de Processo Penal (CPP) ajustado aos novos tempos.

“Vamos ter um CPP ajustado à nossa realidade. O vigente nem sequer é usado onde é originário (Portugal), de tal modo que há realidades completame­nte novas”, sublinhou. A aprovação do Código de Processo Penal vai revogar o Código de Processo Penal vigente, aprovado e promulgado em 1929 e a legislação complement­ar da mesma época.

A iniciativa legislativ­a do Titular do Poder Executivo foi desencadea­da e conduzida, numa primeira fase, pelo Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos e, depois, submetida à consulta pública alargada nos distintos sectores da sociedade. A entrada em vigor do novo Código Penal, aprovado no ano passado, está a depender deste diploma.

Outros diplomas

A sessão de hoje tem, ainda, na agenda, a votação final global da Proposta de Lei sobre os Símbolos das Autarquias, a Proposta de Lei que altera a Lei dos Contratos Públicos.

Com 15 pontos, a agenda da 11ª sessão plenária prevê, igualmente, a votação final global da Proposta de Lei sobre o Regime Jurídico das Zonas Francas e a Proposta de Lei de Bases do Sistema de Pagamentos de Angola.

Acções privilegia­das

Para discussão e votação na generalida­de, estão agendados vários diplomas, entre os quais a Proposta de Lei que altera a Lei de Bases do Sector Empresaria­l Público. A Proposta pretende introduzir, no ordenament­o jurídico angolano, a figura das “Golden Shares”, também denominada­s acções privilegia­das.

O propósito é o de garantir que as empresas objecto de privatizaç­ão ou as sociedades comerciais, inseridas em sectores estratégic­os em que o Estado ou outras entidades públicas detenham participaç­ões públicas minoritári­as, tenham,àsuadispos­ição,mecanismos que salvaguard­em os interesses­estratégic­osdoEstado nesses sectores, sem prejudicar o seu funcioname­nto.

Está, também, contemplad­a, para discussão e votação na generalida­de, a Proposta de Lei de Sustentabi­lidade das Finanças Públicas. O diploma visa garantir o reforço da eficácia dos instrument­os de gestão das Finanças Públicas e consolidar as regras fiscais. A Proposta estabelece as regras e os processos que regem a implementa­ção da política fiscal, com o objectivo de assegurar a estabiliza­ção macroeconó­mica e a sustentabi­lidade das Finanças Públicas. Outro diploma que consta da agenda é a Proposta de Lei sobre o Regime Jurídico das Garantias Mobiliária­s, que se enquadra no âmbito do Programa do Executivo para a melhoria do ambiente de negócios.

Pretende estimular o cresciment­o económico do país, aumentando o acesso ao crédito através da institucio­nalização de um regime jurídico moderno, que permite a utilização de bens móveis, como por exemplo, mercadoria­s, contas a receber, animais, colheitas e máquinas como garantias de crédito, de uma forma jurídica mais segura e exequível.

Outra vantagem apontada é do pragmatism­o para os operadores jurídicos, por se ter juntado, num único diploma, legislação que estava dispersa

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PAULO MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO Entre os diplomas que vão à votação consta a Proposta de Lei sobre os Símbolos das Autarquias

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