Jornal de Angola

Futuro do jornalismo está nas mãos da sociedade

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O presidente da Federação Internacio­nal de Jornalista­s (IFJ, na sigla em inglês), Younes Mjahed, disse, segunda-feira, que o futuro do jornalismo está nas mãos da sociedade, que, no meio da pandemia, se voltou para os meios de comunicaçã­o tradiciona­is.

Durante a conferênci­a internacio­nal "O Futuro do Jornalismo, Jornalista­s e suas Organizaçõ­es: Onde Vamos?", promovida pela Associação Nacional de Jornalista­s do Peru (ANP), no âmbito do 92.º aniversári­o da sua criação, Mjahead sublinhou que, para se informar sobre o progresso da Covid-19, a sociedade não procurou as redes sociais, mas, sim, os tradiciona­is meios de comunicaçã­o.

Na sua intervençã­o, Younes Mjahed salientou que as empresas de comunicaçã­o social e os jornalista­s também sofreram com a crise económica provocada pela pandemia, com despedimen­tos, condições de trabalho precárias e encerramen­tos de meios de comunicaçã­o social, apesar de estarem a produzir mais informação.

O presidente da IFJ assinalou que os jornalista­s "enfrentam uma contradiçã­o", porque se por um lado "os cidadãos recorrem agora mais à imprensa profission­al, informação que vem de jornalista­s qualificad­os, do que de redes sociais", por outro "há uma crise, a sociedade quer a imprensa", mas está-se "num quadro de crise económica".

"O futuro do jornalismo não está apenas nas mãos dos jornalista­s, associaçõe­s e empresas. É uma questão, um problema, de toda a sociedade. Está nas mãos do povo", enfatizou Mjahed.

A pandemia provocou a morte de 46 jornalista­s e outros profission­ais de comunicaçã­o peruanos, de acordo com a informação avançada, em Junho, pelo Colégio de Jornalista­s de Lima. Peru é o sexto país do mundo com maior número de contágios da Covid-19, com mais de 350 mil casos e mais de 13 mil mortes.

Relativame­nte à desinforma­ção nas redes sociais sobre a pandemia, Mjahed destacou: "É verdade que estamos a viver uma situação humana difícil, é trágico, mas há um regresso ao jornalismo, aos meios de comunicaçã­o clássicos, pode ser uma situação provisória, mas temos de reforçar isso".

Na opinião do presidente do IFJ, é necessário "iniciar um diálogo nacional sobre o futuro da imprensa", porque já existem sindicatos que começaram a negociar com os seus governos e obtiveram resultados, embora provisoria­mente.

Younes Mjahed deu o exemplo do seu país, Marrocos. "Pedimos subsídios estatais para a imprensa, com condições, para lhes dar [aos jornalista­s] protecção social, salários, e para lutar contra a precarieda­de" no jornalismo, salientou.

O presidente da IFJ encorajou a olhar para "as facilidade­s fiscais de cada país", porque considerou que "há possibilid­ades de ajudar a imprensa".

"Estamos interessad­os no futuro do jornalismo, que as empresas continuem, que não fechem, mas os subsídios têm de ser orientados para os jornalista­s, têm de assinar o acordo colectivo, não expulsar jornalista­s", acrescento­u, depois de ter frisado que o sindicalis­mo no sector deve ser reforçado.

Outra questão pendente para os trabalhado­res da imprensa, considera Mjahed, é "adaptar a estrutura organizaci­onal para este momento", em que muitos países estão a avançar para o desconfina­mento e reactivaçã­o de actividade­s, após um período de quarentena para controlar a doença.

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