Pode o rei ser julgado?
Não será fácil, mas o Governo espanhol está a trabalhar de forma discreta com altos funcionários da casa real para ajudarem Filipe VI a tomar as inevitáveis decisões. As informações em cascata, nos últimos quatro meses, sobre as ilegalidades do monarca emérito, estão a levar ao desgaste da instituição monárquica em Espanha e fala-se num referendo pelo fim ou não da monarquia constitucional, o que é visto com agrado pelos mais jovens, distante do papel que Juan Carlos de Borbón desempenhou na transição democrática espanhola, após a morte de Francisco Franco, em 1975, pondo fim a mais de quatro décadas de franquismo (uma forma de fascismo) e dando espaço a uma monarquia que partilha o poder com a democracia liberal.
As últimas notícias dão conta que Quim Torra, líder do Governo autónomo da Catalunha, ele próprio a braços com um processo judicial devido a actos separatistas, terá dado instruções aos seus advogados para moverem uma acção contra o rei emérito e seus cúmplices por “práticas corruptas”, de forma a que Juan Carlos e a casa real possam vir a responder criminalmente portaispráticas,e istoemvésperas de uma viagem de Felipe VI à Catalunha. Na Suíça, onde decorre um processo, o rei emérito não goza de imunidade e deve aguardar-se pelas conclusões das investigações e as prováveis acusações que poderão ser deduzidas pelo magistrado suíço Yves Bertossan, que investiga um processo de branqueamento de capitais que envolve o ex-monarca. Em relação às investigações promovidas pelo Supremo Tribunal espanhol, a maioria dos especialistas acredita que Juan Carlos não será acusado de quaisquer irregularidades, uma vez que os ilícitos de que poderia ser acusado ocorreram antes de 2014, durante o seu reinado.