A crise, a produção agrícola e a diversificação da economia
Parte considerável da população do nosso país dedica-se à agricultura, um sector que, além de ter potencialidade para produzir muitos alimentos, pode gerar muitos empregos. Estamos a enfrentar uma grave crise económica, e a agricultura pode ser um dos sectores capazes de contribuir grandemente para activar, por exemplo, a indústria transformadora, de que tanto precisamos para termos de diminuir as importações. Angola pode, com as potencialidades agrícolas de que dispõe, com os recursos hídricos que tem, ser auto-suficiente em termos alimentares e até produzir excedentes para exportação. Queremos diversificar a economia, mas será necessário ter em conta que a diversificação da produção é um processo complexo que pode levar algum tempo. É importante que neste processo sejam bem gizadas e executadas as políticas públicas destinadas a incentivar as acções dos camponeses e dos empresários que estão apostados em aumentar a produção no campo, nas diferentes vertentes, para se potenciar áreas como a agropecuária e a agro-indústria. Em tempos de crise económica, provocada pela pandemia da Covid19, a agricultura pode contribuir para que muitas famílias possam realizar negócios sustentáveis, com benefícios para todos os cidadãos, quer os que vivem no campo quer os que habitam nas zonas urbanas. Produtores (do campo) e consumidores (das zonas urbanas) querem todos que tenhamos no país um circuito de distribuição de produtos agrícolas eficiente. Sem boas estradas para escoar os produtos dos que trabalham no campo, a produção dos camponeses e de outros agentes económicos que estão nas zonas rurais poderão correr sempre o risco de apodrecer, com as consequências negativas que todos nós conhecemos. É urgente que se comece a valorizar o trabalho que é feito pelos angolanos que vivem e produzem nas zonas rurais, até para que a nossa economia cresça. A agricultura pode passar a ter um peso maior no Produto Interno Bruto. A diversificação da economia tem de ser uma realidade, mesmo que este processo seja complexo e árduo. Daqui a alguns anos, se trabalharmos de forma intensa e organizada, poderemos sentir os efeitos positivos da diversificação da produção, e assistiremos à resolução de muitos dos problemas económicos e sociais. Se semearmos hoje, vamos colher amanhã. Só com muito trabalho havemos de ter um país bom para se viver. Que cada um faça a sua parte, para que Angola venha a ser gigante em termos de produção agrícola.