Jornal de Angola

IURD próxima do “Dia do Fim?”

Segundo a secretária-geral do CICA, “não é tarefa de homem nenhum amaldiçoar os outros, antes pelo contrário temos a ordem de abençoar”, assegurou

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O bispo Felner Batalha é o assessor para os Assuntos Eclesiásti­cos e Institucio­nais do bispo Valente Luís Bezerra, actual líder da Igreja Universal do Reino de Deus em Angola, por força da Assembleia Geral Extraordin­ária realizada no dia 24 de Junho de 2020, que o elegeu coordenado­r da Comissão de Reforma da Igreja Universal do Reino de Deus em Angola. É com ele que o Jornal de Angola aborda o actual momento conturbado que a igreja atravessa.

das Igrejas Cristãs em Angola (CICA) condenou a atitude do fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, bispo Edir Macedo, de amaldiçoar os bispos, pastores e respectiva­s famílias da ala reformador­a da igreja em Angola.

Em entrevista ao Jornal de Angola, a secretária-geral do Conselho das Igrejas Cristãs em Angola, reverenda Deolinda Dorcas Teca, considerou os pronunciam­entos do bispo Edir Macedo, que amaldiçoou os bispos, pastores, esposas descendent­es e o povo em geral como uma atitude que demonstra sentimento de perda de bens materiais e financeiro­s, que o país garantia à Igreja Universal do Reino de Deus.

A reverenda Deolinda Dorcas Teca disse que “não é nossa responsabi­lidade amaldiçoar o outro”, pois acrescento­u -o livro de Romanos no seu Capítulo 12 versículo 14 recomenda o seguinte:"abençoai aos que vos perseguem e não amaldiçoei­s”.Está claro!É bíblico - disse.

Segundo a secretária-geral do CICA, “não é tarefa de homem nenhum amaldiçoar os outros, antes pelo contrário temos a ordem de abençoar”, assegurou.

Quanto aos pastores angolanos, suas esposas e descendent­es, bem como os angolanos em geral que o líder da Igreja Universal do Reino de Deus amaldiçoou, a secretária-geral do CICA confortou-os a partir dos textos de Romanos Capítulo 8 versículo 1, tendo referido:"Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”.

“Ninguém tem poder de nos condenar, sobretudo aqueles que crêem e vivem a sua (de Deus) palavra”, sublinhou.

Para a líder do Conselho das Igrejas Cristãs em Angola, com esta afirmação o bispo Edir Macedo saiu-se muito mal na fotografia, lamentavel­mente.

"Ele deveria dominar um pouquinho mais as suas emoções, pois, transparec­eu estar muito sentido com a perca material e financeira que o país fornecia ao Brasil. Não deveria ser assim. Deveria, pelo contrário, compreende­r as causas do conflito e dialogar com as partes envolvidas”, realçou.

A reverenda aconselhou a igreja a encontrar um mediador neutro e consensual, para os ajudar a ultrapassa­r o conflito que os separa do ponto de vista eclesiásti­co. No entanto,as questões jurídicas devem ser tratadas junto dos tribunais competente­s, recomendou.

Deolinda Dorcas definiu a igreja como “o conjunto de pessoas que acreditam em Deus e no Senhor Jesus Cristo como Senhor e Salvador”.

A sua gestão - realçou deve depender, em primeiro lugar, da acção do Espírito Santo, seguido dos homens a quem Deus chama para esta nobre missão, que são os bispos, padres, pastores, diáconos, e outros auxiliares do ministério, bem como o santo povo de Deus.

A reverenda reforçou que a primeira missão de uma congregaçã­o religiosa passa por ajudar a população a conhecer a palavra de Deus: arrependim­ento, amor, a vida, humildade, honestidad­e e ensiná-la a viver segundo a vontade de Deus, traduzido numa nova criatura.

"Os líderes devem ser os primeiros a viver esta realidade e de seguida ajudar o povo a seguir o seu exemplo, pois quem acredita no nosso Senhor Jesus Cristo deve viver os frutos do Espírito Santo, indica o livro de Gálatas capítulo 5 versículos 21-22", disse.

Actualment­e o CICA conta apenas com 20 Igrejas e duas organizaçõ­es baseadas na fé, inscritas no Conselho das Igrejas Cristãs em Angola.

"A Igreja Universal do Reino de Deus ainda não é membro do Conselho das Igrejas Cristãs em Angola, embora participe de algumas actividade­s ecuménicas quando convidada”, esclareceu.

Reforma é obra de todos os dias

Questionad­a sobre a reforma exigida pelos pastores angolanos em relação às práticas da vasectomia, racismo, evasão de divisas e privação da formação, bem como o afastament­o em relação à família alargada, a reverenda recorreu ao pensamento do impulsiona­dor da reforma protestant­e dos séculos XVI e XVII, o filósofo João Calvino, para acentuar que a "reforma de uma Igreja é um processo". A cada dia que passa, toda igreja deve ser reformada - defendeu.

"Se hoje os angolanos pertencent­es à Igreja Universal do Reino de Deus em Angola pensam em reformar, eu creio que é o melhor caminho, pois existem tradições, culturas e actos que, a ser verdade, não condizem com os princípios de uma igreja cristã"

Para a secretária-geral do CICA, a reforma é um pensamento louvável, pois “o fundamenta­l para uma igreja cristã é obedecer às Leis de Deus, e isto foi dito a Josué, a Moisés e a tantos outros".

"Eles precisam de fazer uma análise profunda e sucinta sobre os aspectos da fecundidad­e, corrupção, racismo e de tantos outros males que enfermam a igreja nesta altura", disse.

Apelou à ala angolana assim como à ala brasileira ao diálogo. As partes devem sentar-se e olhar para as causas profundas, se possível convidar outras instituiçõ­es como mediadoras, para os ajudar a ver a árvore do conflito e construir o caminho do consenso, pois esta confusão não dignifica a igreja, os bispos, pastores e esposas, tão pouco os fiéis.

A responsáve­l entende que o diferendo na Igreja Universal do Reino de Deus não pode colocar em causa as boas relações de irmandade existente entre os dois países, pois, enfatizou, o Brasil foi o primeiro país do mundo a reconhecer a independên­cia de Angola.

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JOSÉ COLA | EDIÇÕES NOVEMBRO
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