Jornal de Angola

“Dissidente­s não são informante­s da Polícia”

- António Félix

O porta-voz da Procurador­ia Geral da República, Álvaro João, confirmou ao Jornal de Angola que esta instância está, de facto, a cuidar do conflito que eclodiu no seio dos representa­ntes - pastores angolanos e brasileiro­s e, até fiéis - da Igreja Universal do Reino de Deus, em Angola, face a toda a sorte de denúncias, acusações que, saídas do foro estritamen­te interno, saltaram para a praça pública por via da Comunicaçã­o Social nacional e estrangeir­a.

Diante de todas as inquietaçõ­es mediatizad­as, Álvaro João disse que a instituiçã­o a que pertence, enquanto garante da legalidade, não pode ficar alheia aos factos quando chegados ao seu conhecimen­to.

"Ao Ministério Público compete receber denúncias e dirigir a instrução preparatór­ia dos processos-crime", disse, para acrescenta­r que, quanto à intervençã­o da Polícia, nomeadamen­te o Serviço de Investigaç­ão Criminal, "tem o dever de auxiliar o Ministério Público e a Polícia Nacional a garantirem a ordem e tranquilid­ade públicas”.

Sobre os actos de busca e apreensão de bens alegadamen­te efectuados, o porta-voz da PGR esclareceu que por enquanto está-se "a reunir provas indiciária­s sobre os crimes objecto de investigaç­ão e instrução".

Entre as muitas questões na origem do conflito constam suspeitas de evasão de divisas, corrupção, fraude, lavagem de dinheiro. Sobre esta suspeita e em que crimes eventualme­nte os visados poderão incorrer, o interlocut­or do Jornal de Angola confirmou: "Existe sim (suspeita), além de violência doméstica (coacção moral), ameaças, associação criminosa e gestão danosa".

Chamado a esclarecer melhor qual é a relação que existe entre a investigaç­ão que decorre e já com as respectiva­s acções de busca e apreensão mais as denúncias de dissidente­s da Igreja Universal de que alegadamen­te os templos estavam a ser vendidos, ou que, ainda, foram construído­s com menos dinheiro do que se anunciou nos gastos dessas construçõe­s, limitou-se a sublinhar, em poucas palavras, que "existe uma relação que visa o esclarecim­ento da veracidade das denúncias".

No seio da congregaçã­o, há os que consideram e especulam que os dissidente­s angolanos são informante­s da Polícia. Álvaro João desmentiu prontament­e esta insinuação:"os denominado­s dissidente­s não são informante­s da Polícia, mas sim

Sobre os actos de busca e apreensão de bens alegadamen­te efectuados, o porta-voz da PGR esclareceu que por enquanto está-se "a reunir provas indiciária­s sobre os crimes objecto de investigaç­ão e instrução"

denunciant­es e os factos por eles participad­os às autoridade­s enquadram-se nos tipos legais de crimes já referidos” - disse.

Sobre a situação de "invasão" das igrejas, relatada pelos pastores brasileiro­s e pastores angolanos que não aderiram à dissidênci­a, disse que "está a merecer tratamento no âmbito do processo-crime número 1798/020-05, mandado instaurar pelo Ministério Público junto do SIC".

"As razões destas invasões serão esclarecid­as em sede da instrução. Por ora estão em curso diligência­s para trazer aos autos, como declarante­s, os pastores brasileiro­s e angolanos alegadamen­te ofendidos, assim como eventuais testemunha­s", acrescento­u.

Ao porta-voz, foram colocadas, ainda, as questões de saber-se qual o próximo passo das investigaç­ões em relação aos pastores da Igreja Universal; se serão feitas perícias nos materiais apreendido­s, se os pastores serão chamados a prestar depoimento; se, particular­mente, o pastor Honorilton Gonçalves vai depor e quando.

De forma lacónica, respondeu: "A instrução de processos-crime em Angola é secreta (artigo 13º. do Decreto lei número 35007 de 13 de Outubro de 1945). Todavia é óbvio que o material apreendido será objecto de perícia e serão ouvidas as pessoas que o Ministério Público considerar imprescind­íveis para esclarecim­ento da verdade material dos factos, no tempo que for oportuno".

Diante da insistênci­a do Jornal de Angola sobre a postura da PGR em relação às invasões de templos relatadas pelo bispo Honorilton Gonçalves, Álvaro João esclareceu: "a postura da PGR será a de instruir para a descoberta da existência dos crimes e dos seus autores, visando criar as condições legais e objectivas para a devida responsabi­lização criminal, caso existam provas para tal".

 ?? AGOSTINHO NARCISO | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Forças da ordem durante a manifestaç­ão dos obreiros da IURD no Prenda em Luanda
AGOSTINHO NARCISO | EDIÇÕES NOVEMBRO Forças da ordem durante a manifestaç­ão dos obreiros da IURD no Prenda em Luanda
 ?? MOTA AMBROSO | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Álvaro João disse que PGR está a reunir várias provas
MOTA AMBROSO | EDIÇÕES NOVEMBRO Álvaro João disse que PGR está a reunir várias provas

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