CPLP devia mobilizar ajuda para Moçambique
O antigo secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) Murade Murargy defendeu, ontem, que a organização deve ajudar Moçambique no combate aos ataques terroristas em Cabo Delgado, nomeadamente agindo “como um padrinho” na mobilização de apoios internacionais.
Como moçambicano, Murade Murargy, que também fez parte de anteriores governos do seu país e foi chefe da Casa Civil do ex-Presidente Joaquim Chissano, disse, em entrevista à Lusa, que Moçambique precisa do apoio internacional para combater os ataques em Cabo Delgado (norte do país) e que a CPLP devia passar das palavras aos actos na ajuda a um Estadomembro que enfrenta “uma agressão externa” e “uma invasão do seu território”.
“O meu país, além desta grande crise sanitária [a pandemia da Covid-19], ainda enfrenta duas frentes de batalha (…). A primeira, já é antiga,(…) que é a guerra contra a Junta Militar da Renamo [o grupo de antigos militares do braço armado do maior partido da oposição], que está ainda a actuar no centro de Moçambique. Depois tem a frente de Cabo Delgado, que está mais relacionada com o crime organizado e transfronteiriço”, sublinhou.
Numa organização como a CPLP, “solidária, fraterna, com espírito de entreajuda”, seria natural que “os Chefes de Estado, de alguma forma, tivessem uma reunião de urgência, para ver o que se pode fazer para ajudar Moçambique a ultrapassar esta invasão do seu território”, afirmou Murargy, que foi secretário-executivo entre 2012 e 2016. Os apoios podem ser técnico-militares, materiais ou financeiros.