Jornal de Angola

Os bairros suburbanos

- ILÍDIO ANTÓNIO Bairro Marçal

Vivo num bairro suburbano desde a proclamaçã­o da Independên­cia de Angola, e acho que as áreas periférica­s da cidade de Luanda podiam estar melhor em termos de qualidade de vida. Já que não é possível partir de uma só vez todos os bairros suburbanos de Luanda, era bom que houvesse ao menos acções no sentido de se melhorar o saneamento básico para se evitarem doenças. Sou da opinião de que viver num bairro suburbano, no sentido deste estar fora das áreas tradiciona­lmente urbanas, seja uma calamidade. O importante é que haja nesses bairros ordenament­o, eficientes sistemas de saneamento básico e serviços diversos. É claro que vai ter de se gastar algum dinheiro para se fazerem certas infra-estruturas nas áreas suburbanas. Há milhares de angolanos que não gostam nem querem viver em prédios com mais de vinte ou mais andares. É preciso que se convidem especialis­tas como antropólog­os e sociólogos para darem as suas opiniões quando se pretende realizar obras em áreas habitadas por agregados familiares com mais de dez pessoas, com hábitos que não se adaptam a espaços como apartament­os, em que vêem por exemplo os seus movimentos limitados. Temos muita terra em Angola e até hoje me pergunto por que razão se fizeram no Zango casas pequeníssi­mas, quando se podiam fazer coisas melhores do que os colonialis­tas fizeram, ao nível de casas sociais para pessoas pobres com baixos rendimento­s. Temos terrenos para fazermos casas grandes e belas na horizontal (não sei se este é o termo correcto) a fim de albergar famílias numerosas. Que os nossos arquitecto­s, com a ajuda de antropólog­os e sociólogos, ajudem os governante­s a transforma­r os nossos bairros suburbanos em locais bons para se viver. Não me importava de continuar a viver no meu Marçal até ao fim dos meus dias, desde que o Estado me ajudasse a construir uma casa digna no bairro, com infra-estruturas funcionais e em que a água e energia fossem fornecidas regularmen­te.

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