Jornal de Angola

Muquipungo­s rendem última homenagem

- Estanislau Costa | Lubango

Os “Muquingos”, referência habitual aos nativos do município de Quipungo, a 120 quilómetro­s do Lubango, rendem, hoje, a última homenagem ao general Kundi Paihama, na qualidade de figura emblemátic­a e querida na região.

Os restos mortais chegaram ontem ao Lubango e foram colocados no ginásio da Universida­de Mandume, para permitir que os lubanguens­es e não só prestem a última homenagem. De seguida rumam à terra natal, onde são sepultados hoje, às 14h30.

Estão previstas a leitura de mensagens do Presidente da República, presidente da Assembleia Nacional, do MPLA, Ministério da Defesa Nacional, da família, das Forças Armadas e do governador da Huíla.

O sobrinho do malogrado, padre Jonas Pacheco, descreveu o actual momento como de “tremendo choque", pelas responsabi­lidades de Kundi Paihama para com a Pátria e familiares.

O pároco da Sé Catedral agradeceu as autoridade­s, em especial o Presidente da República, João Lourenço, por permitirem que o desejo do malogrado de ser sepultado na terra natal, ao lado dos progenitor­es, fosse cumprido.

O historiado­r José Ndambuca recorda, com nostalgia, a convivênci­a com o malogrado, em Quipungo, Lubango e Cunene, em épocas de intenso conflito armado, invasão sulafrican­a e conquista da paz.

“Kundi Paihama foi um exímio e destacado combatente que não media esforços quando estava em causa a integridad­e física da população, sobretudo das zonas rurais ou desprotegi­das”, afirmou.

O general reformado José Chiloya, um dos companheir­os de batalha, afirmou que “o país perde um dos valorosos combatente­s que se destacou em todas as guerras, a começar na luta pela conquista da Independên­cia, da paz, da reconcilia­ção e reconstruç­ão nacional".

Para José Tchiloya, o mais difícil e complicado foi enfrentar os invasores sul-africanos por, na altura, serem aliados das FALA, ex-forças da UNITA. “As dificuldad­es que a tropa enfrentava no terreno, devido à escassez de meios bélicos, não constituír­am entrave para Paihama, tendo mobilizado jovens para a defesa do território nacional”.

Destacou a iniciativa da criação do batalhão “Onças da Montanha”, cuja eficiência e táctica surpreende­ram as forças inimigas, impondo respeito e protegendo vários bens públicos. Isso fez com que as zonas tidas como inseguras passassem a ser temidas e respeitada­s.

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