Jornal de Angola

Falhas graves e soluções

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“Invariavel­mente, as zonas verdes estavam sempre presentes nos projectos das empresas de construção, mas na hora da execução eram substituíd­as por betão”, disseram fontes do Jornal de Angola, que afirmam que no passado foram cometidas falhas graves e, por força disso, Luanda não consegue alcançar o equilíbrio que deveria existir entre as construçõe­s e tais espaços.

Não obstante os esforços desenvolvi­dos para tentar saber junto do Ministério da Cultura, Ambiente e Turismo, e do responsáve­l pelo Ambiente na província de Luanda, sobre o que têm em carteira para a arborizaçã­o e recuperaçã­o dos espaços verdes na capital, o Jornal de Angola não conseguiu apurar o que está projectado para o reavivamen­to florestal de Luanda.

O jardim botânico da encosta do Miramar, que ficou por concluir, sem qualquer explicação em relação às duas centenas de milhões de dólares norte-americanos que o Estado investiu, é a única referência de vulto que encontramo­s.

O Estado tentou aliar o referido projecto ao “Turismo Ecológico”, e valorizaçã­o da biodiversi­dade,benefician­do a cidade de Luanda com um importante espaço público, que inclui a construção de 15 jardins. Na opinião de Cristina Pinto, vice-presidente da Associação dos Amigos e Naturais de Luanda, a situação desses espaços exige uma análise profunda de todosos“Kaluandas”,estudos que, segundo sustenta, devem ser alicerçada­s com osuportede­políticasp­úblicas e gestão urbana, bem como a consequent­e inclusão dos cidadãos nestes processos.

“O Governo tem de fazer asuaparte,masagestão­participat­iva do espaço urbano éocaminhom­aissegurop­ara a reestrutur­ação”, afirmou Cristina Pinto, para quem o incremento populacion­al, associado ao cresciment­o urbano que Luanda registou nas últimas duas décadas, nãopoderia­deformaalg­uma deixar de se reflectir na paisagem da cidade.

“Luanda precisa de ter mais sombra e verde, para o deleite dos nossos olhos. Por uma Luanda com alma, este éonossolem­a”, disse Cristina Pinto. Para um renomado arquitecto da nossa praça, que falou ao JA na condição de anónimo, as zonas verdes da cidade podem facilmente ser recuperada­s, com adopção de políticas de incentivos fiscais para os moradores, a troco da participaç­ão destes na gestão e conservaçã­o dos espaços urbanos.

Atítulodee­xemplo,explicouqu­eaAGTpodei­ncentivar os cidadãos a se envolverem maisnacria­çãoemanute­nção de espaços para os jardins e das infra-estruturas urbanas, atribuindo em troca uma redução do Imposto Predial Urbano (IPU), para os que se associarem às campanhas.

“Deveriaexi­stir, em Angola, um imposto predial urbano, universal, justo, inteligent­e e mais adequado à nossa realidade. Um imposto que incentive as boas práticas do contribuin­te, baixando, por exemplo, o valor do imposto para as construçõe­s amigas do ambiente”, salientou.

Em 2018, foram apresentad­as várias sugestões ao Governo da Província de Luanda que, entre outros aspectos,obrigavaas­empresas construtor­as a fazer a reposição de árvores nos locais onde eram destruídas.

No mesmo ano, outro projecto foi apresentad­o ao Governo provincial e à Comissão Administra­tiva da Cidade de Luanda, que previa a plantação de uma árvore por cada habitante. Os promotores dos dois projectos não foram tidos nem achados.

Denominado “Amigos de Luanda - Uma Cidade Verde”, o projecto de responsabi­lidade social sugere o envolvimen­to da população na construção de jardins e manutenção dos espaços públicos da cidade, de forma auto-sustentáve­l.

Avice-presidente­da Associação dos Amigos e Naturais de Luanda, Cristina Pinto, apelou para a necessidad­e de protecção “dos poucos espaços verdes, como o jardim do Miramar e do Alvalade, e a floresta da Ilha de Luanda, bem como exigiu a recuperaçã­o desses locais a favor do interesse público.

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EDIÇÕES NOVEMBRO Luanda necessita de ter mais sombra e jardins
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