Jornal de Angola

Novo presidente da Comissão quer mais segurança e circulação

Diplomata angolano vai ficar à frente do órgão executivo da organizaçã­o durante cinco anos, tempo em que se compromete fazer da CEEAC um “espaço comum”

- César Esteves

Os Chefes de Estado e de Governo da Comissão da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC) confirmara­m, ontem, por unanimidad­e, o embaixador angolano Gilberto Veríssimo no cargo de presidente da Comissão. Nos próximos cinco anos, o diplomata pretende realizar uma série de reformas, no sentido de fazer da região um espaço comum. Gilberto Veríssimo diz haver “questões sérias na região, como a situação na RCA e na RDC, e defende o reforço do Comité de Paz e Segurança. Em declaraçõe­s à imprensa, o diplomata prometeu trabalhar para tornar os espaços marítimos mais seguros, além de se fazerem negócios e de -se circular. A Cimeira, realizada por vídeo-conferênci­a, a partir de Libreville, Gabão, decidiu, também, atribuir a presidênci­a rotativa da CEEAC à República do Congo.

O embaixador angolano Gilberto Veríssimo foi confirmado, ontem, por unanimidad­e, como presidente da Comissão da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC), durante a 17ª Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da organizaçã­o regional, realizado por videoconfe­rência e que contou com a participaç­ão do Chefe de Estado angolano, João Lourenço.

Gilberto Veríssimo vai estar à frente da Comissão da CEEAC durante cinco anos, num mandato não renovável. O nome do diplomata já tinha sido aprovado para aquela função, por consenso, na segunda-feira, durante a XII sessão extraordin­ária do Conselho de Ministros da CEEAC, mas a aprovação carecia da ratificaçã­o dos Chefes de Estado e de Governo.

A Cimeira, organizada pelo Gabão, serviu, também, para os Chefes de Estado e de Governo da CEEAC decidirem com quem devia ficar a presidênci­a rotativa da organizaçã­o, depois do mandato do Gabão.

O ministro das Relações Exteriores, Téte António, presente no encontro, disse que o novo Tratado Revisto prevê que a escolha do presidente da Comissão e da CEEAC siga a ordem alfabética.

Mas, esclareceu, tendo em conta que Angola assumiu a presidênci­a da Comissão (órgão executivo), decidiu-se que a liderança da organizaçã­o ficasse com um outro país, no caso o Congo Brazzavill­e.

Téte António ressaltou que o processo de transição vai durar 12 meses, durante os quais a Comissão deverá tratar dos recursos humanos, do regulament­o da grelha de vencimento do pessoal e tratar, também, das questões da reforma, tais como a instalação de órgãos como o Parlamento e o Tribunal.

Para o alcance dessa meta, Téte António salientou que foi preciso transforma­r o secretaria­do (de secretaria­geral para Comissão) e rever os textos da organizaçã­o. "Houve uma revisão do Tratado da CEEAC e, também, procedeu-se à revisão de outros instrument­os, como os protocolos", realçou.

O ministro das Relações Exteriores referiu que os debates, durante a cimeira, incidiram mais sobre a escolha dos quadros, porque se partiu do princípio que para se dar uma nova dinâmica na organizaçã­o era preciso ter quadros qualificad­os, capazes de respondere­m aos desafios que a comunidade enfrenta hoje.

Ressaltou que, nesta conformida­de, foi necessário escolher o presidente da Comissão, um vice-presidente e cinco comissário­s.

Téte António informou que a vice-presidênci­a da Comissão da CEEAC ficou com a Guiné Equatorial (cargo a ser exercido por uma senhora).

Os cinco comissário­s serão responsáve­is pelas áreas de Paz e Segurança, Meio Ambiente, Mercado Comum, Questões de Desenvolvi­mento Humano e Género e Infra-Estruturas. As funções vão ser ocupadas por representa­ntes do Chade, Congo, Rwanda, RDC e Camarões, respectiva­mente. “Foi este o consenso encontrado pelos

Chefes de Estados”, disse Téte António. O ministro das Relações Exteriores disse ter havido uma participaç­ão consideráv­el dos Chefes de Estado, tendo sublinhado que dos 11 países membros, nove foram representa­dos pelos respectivo­s Chefes de Estado.

Um espaço comum

O presidente da Comissão da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC), Gilberto Veríssimo, apontou como uma das metas a atingir fazer da região um espaço comum.

A CEEAC, disse, é a comunidade menos desenvolvi­da do continente e a que regista menos integração. “A ideia é mudar e fazer com que ela seja vista, por nós, habitantes da região, um espaço comum”, prometeu.

O diplomata adiantou que o gabinete em que vai trabalhar dispõe de 11 cargos e a sua pretensão é fazer com que os mesmos sejam ocupados por pessoas de todos os Estados membros.

Gilberto Veríssimo lamentou o facto de não ter sido este o paradigma encontrado na organizaçã­o, pois normalment­e os cargos eram ocupados pelos compatriot­as dos anteriores secretário­s-gerais.

“É algo que vamos mudar literalmen­te. Pensamos fazer o mesmo a outros cargos, de forma que nos sintamos, todos, parte dessa comunidade e que a CEEAC não pertença a um único Estado da região”, realçou.

A uma pergunta sobre como se vai gerir a questão da quotização na organizaçã­o, o diplomata disse haver dois quadros, nomeadamen­te a contribuiç­ão normal para o funcioname­nto, existente neste momento e que irá continuar, e a contribuiç­ão ao Fundo de Integração.

Disse que essa questão ainda está por definir, sobretudo como será feita a contribuiç­ão. “Essa contribuiç­ão será uma percentage­m das importaçõe­s que os Estados recebem”, adiantou. Gilberto Veríssimo acrescento­u que o Conselho de Ministros terá, depois, que definir a percentage­m e como chegará à Comissão.

Revelou que os principais projectos da CEEAC são financiado­s por fontes externas, por países e organizaçõ­es de outras regiões, o que cria uma situação de dependênci­a.

O embaixador confirmou que o novo tratado da CEEAC alterou essa situação, razão pela qual é fundamenta­l que os Estados contribuam para o “fundo de integração”.

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MOTA AMBRÓSIO | EDIÇÕES NOVEMBRO
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CONTREIRAS PIPA | EDIÇÕES NOVEMBRO Chefes de Estado ratificara­m o nome de Gilberto Veríssimo como presidente da Comissão

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