Trump admite adiar eleições
O Presidente norte-americano, Donald Trump, admitiu, ontem, pela primeira vez, a possibilidade de adiar as eleições presidenciais de Novembro, alegando a existência de riscos de fraude ligada à pandemia da Covid-19. O anúncio surge numa altura em que as sondagens, no crucial Estado da Florida, dão uma vantagem de quatro pontos ao provável candidato presidencial democrata Joe Biden.
O Presidente norte-americano, Donald Trump, evocou, ontem, pela primeira vez, a possibilidade de adiar as eleições presidenciais de Novembro, alegando a existência de riscos de fraude ligadas à pandemia da Covid-19.
“Com o voto por correspondência (...) 2020 terá as eleições mais inexactas e fraudulentas da História”, escreveu Trump na rede social Twitter. “Será uma verdadeira vergonha para os Estados Unidos adiar as eleições até que as pessoas possam votar normalmente, com toda a segurança?”, perguntou. A data de eleições federais - na primeira terça-feira de Novembro - é salvaguardada pela Lei federal e exige uma lei do Congresso para ser alterada.
A Constituição norte-americana, porém, é omissa quanto ao eventual adiamento da tomada de posse de um Presidente, normalmente realizada a 20 de Janeiro, neste caso, de 2021.
Segundo a agência noticiosa Associated Press (AP), não existe qualquer evidência de fraude no voto universal por correspondência, mesmo nos Estados.
Cinco Estados confiam exclusivamente no voto por correspondência e têm garantido que não é necessária qualquer salvaguarda para assegurar que um actor estrangeiro possa prejudicar a votação. Segundo especialistas sobre a segurança de eleições, todas as formas de fraude são raras, incluindo a abstenção.
A AP refere que Trump tem vindo a intensificar a colocação de dúvidas sobre a realização da votação na data prevista, 3 de Novembro, pondo, igualmente, em causa o recurso ao voto por correspondência dado ao novo coronavírus. Trump já considerou que uma votação pelo correio constitui o “maior risco” para a sua reeleição.
A campanha de Trump e do Partido Republicano, que o apoia, tem tentado combater a prática nos vários discursos um pouco por todo o país.
Em Junho, no Arizona, Trump disse a apoiantes isso mesmo: “esta será, na minha opinião, a eleição mais corrupta da História” dos Estados Unidos.
Há várias semanas que Trump tem sido confrontado com sondagens muito desfavoráveis.
Em fins de Abril, o rival, Joe Biden, candidato pelo Partido Democrata, previu que o Trump iria fazer tudo para adiar as eleições. “Lembremse do que vos vou dizer: penso que (Trump) vai tentar adiar as eleições de uma ou de outra forma, vai tentar encontrar razões para que [a votação] não decorra” na data prevista, disse, então, Biden.
Poucos dias mais tarde, interrogado sobre as palavras de Biden, o Presidente cessante descartou essa possibilidade categoricamente.
“Jamais pensei em alterar a data. (...) Porque faria isso?”, respondeu, evocando a “propaganda” do campo dos democratas.